Subida do preço do táxi em Angola é "asfixia na vida das famílias"

Analistas políticos consideraram hoje a subida do preço do táxi em Angola "uma asfixia total na vida das famílias, já em indigência social", considerando que a medida reflete "insensibilidade" do Governo angolano e pode causar convulsões sociais.

Reportagem sobre os taxis em Luanda, transporte público

© Lusa

Lusa
09/07/2025 14:22 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Angola

Segundo o analista Albino Pakisi, a subida do preço do combustível em Angola "é dilema" que o Governo enfrenta, face às orientações do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), para poder poupar 400 mil milhões de kwanzas (373 milhões de euros), gastos anualmente em subsídios.

 

"Mas, a verdade é que o BM e o FMI aconselharam o Governo que, se subir os combustíveis gradualmente tem que também ter incentivos à população para que ela não se sinta sufocada", disse hoje à Lusa, antevendo uma subida do preço de outros bens e serviços nos próximos dias.

"Em Angola, não subiu apenas o preço do combustível, subiu a eletricidade, subiu o táxi, subiram as propinas. O governo não pode permitir isso, que é de uma insensibilidade tão grande que não podemos dizer que as pessoas não reclamem ou não saiam a rua nos próximos tempos dado a este custo de vida", notou.

Por seu lado, o politólogo David Sambongo referiu à Lusa que a subida da tarifa do transporte coletivo urbano para 200 kwanzas (0,19 euros) e dos táxis privados para 300 kwanzas (0,28 euros) por viagem "vai degradar cada vez mais a qualidade de vida da maioria das famílias angolanas, que já se encontram numa situação de indigência social".

Famílias angolanas estão hoje com dificuldades em fazer as três refeições básicas, salientou o politólogo angolano, observando que o táxi, em Angola, tem um papel fundamental na vida das populações, sobretudo na busca de serviços essenciais distantes das zonas de residência.

O autor da obra "Segurança Nacional e Recursos Naturais: Uma Análise sobre a Influência do Petróleo no Desfecho do Conflito Civil Angolano: 1992-2002" disse também que para os cálculos reais das famílias carenciadas a subida dos preços dos transportes vai significar uma "asfixia total".

"Isso vai significar um sufoco, uma asfixia total na vida das famílias angolanas (...). Nunca vimos na história contemporânea de Angola tantas personalidades a pronunciarem-se sobre uma medida pública de remoção dos subsídios, o que vai degradar cada vez mais a vida dos angolanos", concluiu David Sambongo.

Albino Pakisi defendeu, por outro lado, a necessidade de o Governo de Angola melhorar a qualidade da sua despesa, sobretudo com a "redução das mordomias", porque, notou, não faz sentido que o Governo suba o preço dos combustível e os seus membros "vivam de combustíveis subsidiados".

"[Membros do Governo] não pagam combustível, continuam a ter mordomias supérfluas e o Governo continua a engordar, ou seja, o nosso Presidente da República não está a ser capaz de seguir a dinâmica do sacrifício que está a impor ao povo, não está a ser capaz", criticou.

O também filósofo e docente universitário criticou ainda as viagens do Presidente angolano, João Lourenço, ao exterior, que disse serem "excessivas e com comitivas largas", e, citando o Novo Jornal, disse que o chefe de Estado angolano já gastou mil milhões de dólares (cerca de 854 milhões de euros) em viagens.

"Não é possível num país em crise, como estamos, ter a simpatia das pessoas", lamentou, admitindo mesmo convulsões sociais dada a "insensibilidade" do Governo ao sofrimento do povo.

Viver em Angola "está muito difícil" e "tem de haver sensibilidade do Governo".

"Se nos sacrificamos que sejam todos. Não podem uns sacrificarem-se e outros continuarem a viver como se o país não estivesse em crise (...), tem de haver sensibilidade para evitarmos males maiores", concluiu Albino Pakisi.

Leia Também: Angola importou 20.390 toneladas de produtos de pesca entre 2022 e 2023

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas