"A previsão CIP/ISEG para o conjunto do ano mantém-se compreendida entre 1,5% e 1,8%, com estimativa central de 1,7%, persistindo, na frente externa, riscos relevantes decorrentes da instabilidade geopolítica no médio oriente e das tensões comerciais associadas à imposição de tarifas", aponta o Barómetro de Conjuntura Económica da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).
Segundo refere, os valores relativos ao segundo trimestre "baseiam-se em dados que permitem antecipar um desempenho positivo dos setores do comércio a retalho, dos serviços e, com menor expressão, da produção industrial e do setor da construção".
O barómetro CIP/ISEG aponta ainda que a evolução dos indicadores de confiança "melhorou substancialmente ao longo do trimestre, revertendo a tendência de decréscimo observada no primeiro trimestre do ano".
Já para a segunda metade do ano, mantém "a perspetiva de um desempenho favorável da procura interna, reforçada pelo aumento do rendimento disponível das famílias que resultará das medidas orçamentais aprovadas, bem como pela manutenção do investimento privado e público".
Em contrapartida, a evolução da procura externa líquida é "mais incerta", já que está "sujeita a riscos relevantes decorrentes da instabilidade geopolítica e das tensões comerciais associadas à imposição de tarifas".
Uma vez que a previsão de um crescimento entre 1,5% e 1,8% em 2025 implica uma evolução em cadeia na ordem dos 0,4% a 0,8% no terceiro e quarto trimestres, o diretor-geral da CIP mostra-se cauteloso, alertando para o "elevado nível de incerteza no cenário internacional".
"Estamos atentos às negociações entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos. Se, nos próximos dias, não for possível chegar a um acordo minimamente razoável e se desencadear uma escalada de retaliações e contrarretaliações, os pressupostos destas previsões ficarão, por certo, comprometidos", afirma Rafael Alves Rocha, citado num comunicado.
No domingo passado, a UE e os Estados Unidos chegaram a um acordo comercial que prevê a imposição de tarifas aduaneiras de 15% sobre os produtos europeus.
Os EUA e a UE "chegaram a acordo", anunciou o Presidente norte-americano, Donald Trump, no final de uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
O acordo prevê também o compromisso da UE sobre a compra de energia norte-americana no valor de 750.000 milhões de dólares (cerca de 642.000 milhões de euros) -- visando nomeadamente substituir o gás russo -, o investimento de 600.000 milhões adicionais (514.000 milhões de euros) e um aumento das aquisições de material militar.
Os EUA e os países da UE trocam diariamente cerca de 4.400 milhões de euros em bens e serviços.
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