Jorge Jesus concedeu uma extensa entrevista ao programa 'Primeira Pessoa', da RTP, divulgada esta quarta-feira, onde não só falou da mediática troca entre Benfica e Sporting, como ainda da forma polémica que o levou a deixar Alvalade, em 2018, na sequência do ataque à academia de Alcochete... com revelações à mistura.
"Alcochete? Na altura lidei bem com a situação, fui agredido, tentei defender os meus jogadores, mas senti o perigo. Marcou-me tão profundamente que nunca mais consegui ver um jogo do Sporting ao vivo", começou por recordar.
"Lembro-me que os jogadores nunca mais quiseram treinar. Perdi duas finais com o Benfica, mais importantes que a Taça de Portugal, mas não me marcaram mais do que aquela final. Mexeu mesmo comigo...", lamentou de seguida o atual treinador do Al Nassr.
"Quem fez aquilo não são verdadeiros sportinguistas. Um verdadeiro adepto não faz atos daqueles. A todas as claques do clube esqueçam isso, não é essa pressão e ir ao local de trabalho dos jogadores que os faz correr mais. Tirem isso da vossa cabeça", completou sobre o assunto.
A amizade com Luís Filipe Vieira
A longa conversa com a jornalista Fátima Campos Ferreira levou ainda Jorge Jesus a falar da amizade que mantém com Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica, para além de ter rejeitado ainda um regresso ao clube da Luz, recordando a forma como correram as coisas quando voltou a representar as águias, entre 2020 e 2022.
"Eu ganhei no Benfica aquilo que nunca ganhei em nenhum clube. Tenho 10 títulos, sou o treinador mais titulado do Benfica. Até agora ainda não apareceu... espero que apareça alguém, mas até agora não apareceu nenhum. Foram anos especiais", recordou o treinador de 70 anos.
"Amizade com Luís Filipe Vieira? Com ele, com Rui Costa, com várias pessoas que trabalham no Benfica. Se é visita de casa? Continua a ser. Nos momentos mais difíceis para ele e para a família dele, estive sempre com ele e continuo a estar. Vou jantar amanhã com ele", admitiu de seguida o técnico do Al Nassr, que recentemente representou o rival Al Hilal.
"Não [regressaria]. Não porque a minha segunda passagem pelo Benfica foi na altura do Covid, foi um momento muito difícil no mundo para toda a gente. E também foi para o treinador e jogadores. Foi um ano desportivamente em que não fui muito feliz no Benfica. Os adeptos do Benfica, que eu pensava que compreendessem, não me perdoaram por ter saído para o Sporting e isso criou sempre um clima pesado na segunda passagem", completou.
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