"Todos os verões acontece a mesma coisa - incêndios atrás de incêndios. Triste sina a nossa.
O norte do país é fustigado pelos incêndios, isso deve-se ao clima, propriedade rural, ao seu abandono e mão criminosa. O crime de atear fogo deve ser exemplarmente punido.
É preciso dar um murro na mesa para mudar esta tendência.
Sou a favor da criação de uma direção-geral, estilo SNS, presidida por um engenheiro florestal, dedicada exclusivamente à prevenção e combate de incêndios.
Quando deflagra um incêndio, a responsabilidade do comando passa para a Proteção Civil, é um bom serviço para defender vidas e casas, mas não para extinguir o incêndio.
Há falta de coordenação das diferentes estruturas e comandos. A Guarda Nacional é responsável pela vigilância, o Ministério da Agricultura pela prevenção, o Ministério da Administração Interna pela extinção.
É preciso um comando único para todo o trabalho, desde as equipas de prevenção até à intervenção militar urgente.
A natureza mostrou aos políticos que o caminho é a prevenção. Se não houver uma gestão preventiva, as tragédias vão-se repetir.
Apenas 5% do orçamento florestal é dedicado a trabalhos de prevenção, como limpeza de florestas ou criação de aceiros, 15% à vigilância e o restante à extinção.
Há escassez de efetivos de segurança e recursos aéreos.
É preciso voltar aos guardas florestais. As torres de vigilância em posições estratégicas onde pela detecção de incêndios conseguem perceber onde as chamas começaram, as características do fumo e a sua direção e, graças ao seu conhecimento da área, avaliar a reação ou a extensão do perigo. Tudo isto foi desmantelado. As câmaras de vigilância não são totalmente eficazes.
São precisos helicópteros, carros de combate e pessoal com condições de trabalho adequadas."
Leia Também: "O Parlamento está a tornar-se um teatro de revista"