A mãe de Manuel Trindade, o jovem forcado de 22 anos que morreu após ser colhido por um touro no Campo Pequeno, em Lisboa, recorreu às redes sociais para criticar os comentários sobre a morte e revelou que os órgãos do filho vão "ajudar a salvar sete vidas".
A morte de Manuel Trindade tem dominado as redes sociais, sobretudo em termos de discussões sobre a cultura tauromáquica. A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, foi uma das vozes críticas, denunciado que é "tempo de acabar" com as touradas, que descreveu como "barbaridade".
"Dirijo este desabafo ao PAN e seu seguidores: Venho agradecer todos os vossos aplausos, todos os risos e regozijos com a morte do meu filho. Vocês conheceram-no para ficarem contentes com a sua morte? Vocês sabem se ele gostava de animais?", começou por questionar Alzira Trindade numa publicação na rede social Facebook, partilhada esta segunda-feira.
Sublinhando que o filho viveu rodeado por animais, sobretudo cães que "fazem parte da família", a mãe frisou que "os animais sabem quem são as boas pessoas" e defendeu que Manuel "pertencia a um grupo de irmãos que envergam uma jaqueta com honra, com bravura".
"Estes grupos nunca fizeram mal a um touro, lidavam com ele com arte!", atirou.
Criticou ainda o facto de os críticos não verem o filho como um "animal racional" e questionou o porquê de não haver críticas a outros desportos perigosos "que colocam em risco a vida do animal racional".
"Nós ainda vivemos num país democrático, em que cada um é livre de gostar do que gosta e a mais ninguém diz respeito", defendeu.
Alzira revelou ainda que o filho "foi para dador de órgãos" e irá a "ajudar sete vidas de animais racionais"
"Olhem, celebrem. Ele vai continuar vivo em sete pessoas para vos incomodar. Que mau que ele era, o animal racional", ironizou.
Em causa está a morte do forcado Manuel Trindade, dos Amadores de São Manços, em Évora, após ser colhido por um touro na noite de sexta-feira.
O jovem foi colhido quando efetuava uma pega a um touro da ganadaria Vinhas, tendo embatido com violência nas tábuas. Prontamente socorrido, foi transportado para o Hospital de São José, onde morreu no sábado de manhã.
Na mesma noite, um espetador, de 73 anos, sentiu-se mal nos camarotes do Campo Pequeno. Segundo o TouroeOuro, que cita uma fonte da empresa do Campo Pequeno, o homem foi assistido por socorristas da Cruz Vermelha e pela própria segurança da praça, mas acabou por ser transferido para o Hospital de Santa Maria.
Foi diagnosticado com um aneurisma na aorta e morreu na mesma noite.
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