Um comunicado enviado à agência Lusa refere que a empresa Águas do Centro Litoral (AdCL), a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis "vão realizar uma ação coordenada destinada a mitigar os efeitos da descarga de água residual ocorrida na passada terça-feira no rio Lis".
"A intervenção consiste no aumento temporário do caudal do rio Lis, através da abertura sequencial de três açudes - Parque, Arrabalde e Salgadas -, desde Leiria até à foz", na Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande, adianta.
Segundo o comunicado emitido pela AdCL, "esta ação permitirá que a água flua com maior intensidade, auxiliando na limpeza do leito do rio e no transporte de sedimentos e resíduos acumulados".
"Durante a operação serão libertados 1.000 litros de água por segundo, garantindo sempre o caudal ecológico necessário à preservação dos ecossistemas aquáticos", esclarece.
A operação começou às 16:00, prevendo-se que os efeitos finais sejam sentidos na foz do rio por volta das 21:00.
"Esta decisão resulta da reunião entre o secretário de Estado do Ambiente, as câmaras Municipais de Leiria e da Marinha Grande, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, a APA e a AdCL, na sequência da avaria das bombas da estação elevatória de Monte Real, que provocou a descarga de emergência e água residual bruta para a linha de água", esclarece.
Na quarta-feira, a AdCL divulgou que a estação de Monte Real (Leiria), que eleva efluente para a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão, estava "temporariamente inoperacional devido a uma avaria nas bombas que compõem o sistema de elevação".
De acordo com a empresa, "foi acionado o sistema de descarga de emergência da estação, bem como da estação elevatória a montante (Serra de Porto do Urso)", e as descargas ocorreram, "respetivamente, no rio Lis e numa vala de rega adjacente".
Esta situação levou à interdição de banhos na Praia da Vieira e o Município de Leiria desaconselhou atividades no troço do rio Lis a jusante de Monte Real, como captações para rega, banhos e pesca.
A avaria foi resolvida hoje e terminou a descarga de efluentes.
Também hoje, na reunião do executivo municipal, o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, explicou que o troço desde a estação elevatória, onde ocorreu a avaria, até à foz tem uma extensão de 14 quilómetros, sendo que a estimativa é de que entre 900 e 1.000 metros cúbicos de efluentes tenham sido descarregados a cada hora. A avaria prolongou-se por cerca de 38 horas.
Descrevendo o estado do rio, "poluído, com dejetos, alguns peixes já mortos e outros em aflição", Gonçalo Lopes referiu que, apesar da abertura de açudes, a água "não vai levar tudo", pois há efluentes que ficaram no fundo e margens do rio.
Apontando prejuízos ambientais no curso de água, económicos sobretudo no turismo na Praia da Vieira e ainda na agricultura, o autarca reconheceu também que o incidente provocou um "prejuízo reputacional".
Segundo Gonçalo Lopes, o arranjo e limpeza das margens pode custar cerca de três milhões de euros, mas, se avançar uma operação de dragagem do rio, o custo é superior.
O autarca considerou que, com este incidente, "cria-se uma obrigação de acelerar investimentos que estão previstos há muito tempo", além da melhoria das infraestruturas existentes por parte da AdCL.
O vereador independente eleito pelo PSD Álvaro Madureira antecipou que a "culpa vai morrer solteira" neste "crime ambiental", e defendeu que a administração da AdCL "saia pelos seus pés" por "apresentar alguns vícios de inoperância".
Entretanto o Grupo Parlamentar do PS questionou o Governo sobre a avaria na estação e que medidas pretende adotar para conter os danos ambientais e garantir a sua reparação.
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