O primeiro-ministro, Luís Montenegro, descartou, esta quarta-feira, que haja para já necessidade de pedir ajuda internacional para combater as chamas em vários pontos do país.
Em declarações à CNN Portugal em Faro, Montenegro defendeu, em relação a um eventual pedido de ajuda internacional: "Quando for preciso, quando as circunstâncias o motivarem, fá-lo-emos. Isso obedece a critérios que são de natureza técnica e operacional, que terão de ser atendidos."
Numa altura em que entre ocorrências "ativas e em resolução" estão cerca de três mil bombeiros no combate às chamas, tal como explicou a Proteção Civil ao final da tarde, Montenegro apontou, ainda em relação a um futuro pedido: "Não temos nenhuma objeção a fazê-lo, quando tiver de ser feito; mas também não o vamos fazer nas alturas em que não for tecnicamente adequado."
Na mesma intervenção, o primeiro-ministro referiu também que Portugal "tem todos os meios disponíveis" e que estava a ser feito todo o esforço possível. "Temos todos os meios disponíveis, estamos a fazer o nosso esforço máximo possível. Temos um acompanhamento que não vai deixar ninguém sozinho. Não temos meios ilimitados", reiterou.
Os sete fogos e os dois dias que "mais preocupam"
Segundo o balanço da Proteção Civil feito às 19 horas, houve até essa hora sete ocorrências que apresentam "maior preocupação", sendo elas em Sirarelhos (Vila Real), Trancoso (Beiras e Serra da Estrela, Chavães (Tabuaço), Vila Boa (Sátão), Arganil, Vila Chã de Sá (Viseu) e Quirás (Bragança).
As declarações feitas esta noite por Montenegro aconteceram depois de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Na altura do encontro, Montenegro não teceu considerações acerca do combate aos incêndios, mas Marcelo falou sobre a situação, considerando que sexta-feira "é um dia particularmente preocupante" e "pode apontar para uma situação propícia à permanência e ao agravamento do ponto de vista de incêndios".
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera 'confirmou' a informação, dizendo que não só sexta como também quinta-feira iam ser dias em que as temperaturas se iriam manter altas e que, no Interior, existira também vento forte.
"Quer o senhor primeiro-ministro, quer eu próprio, temos acompanhado permanentemente aquilo que se passa com os incêndios e todos temos a noção em Portugal que houve uma agravamento da situação das condições meteorológicas nas últimas três semanas, no final de julho e início de agosto e que continua. É preciso dizer essa verdade aos portugueses", começou por dizer Marcelo, ao lado de Montenegro, destacando ainda que as condições meteorológicas do país "são partilhadas" com outros países europeus, dando como exemplo Espanha.
Entretanto, o país vizinho, recorreu hoje à noite ao mecanismo de ajuda da União Europeia para combater os vários incêndios que lavram no país, solicitando "duas aeronaves Canadair".
Depois, o chefe de Estado "agradeceu" que o tema nunca tivesse sido "argumento" em anos de eleições, numa aparente 'farpa' deixada ao candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo, que, horas antes, publicou um vídeo no qual falava dos incêndios e criticava a atuação do Estado, falando também dos 'Canadair' avariados esta semana: "Quando vi que os três 'Canadair' estavam inoperacionais, senti-me completamente envergonhado - enquanto um agente do Estado, enquanto português, porque isto é o colapso da organização.
Gouveia e Melo falou também dos incêndios de 2017, não sendo o único a 'ir buscar' este exemplo nestes dias em que os fogos florestais estão a causar mais impacto. No entanto, quando a estas comparação, e sem nomear ninguém, Marcelo disse: "Mas vamos comparar com 2017. Não há comparação [...]. Basta dizer o seguinte: em junho [de 2017], houve várias dezenas de mortes, num curto espaço de tempo comparado com o tempo destas últimas semanas. Somando os incêndios de junho e de outubro, temos mais de uma centena de mortes. Tem sido possível, até ao momento, preservar a vida humana e preservar, na medida do possível, as povoações."
[Notícia atualizada às 22h53]
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