A Fundação Hind Rajab avançou com uma queixa-crime e pede que seja aberto um inquérito contra o combatente israelita Dani Adonya Adega, que terá sido localizado e fotografado em Lisboa, no presente mês de julho.
Em comunicado, a organização, com sede em Bruxelas, refere que em causa está o papel de Adega "na campanha genocida israelita em Gaza, que envolveu graves violações do direito internacional", incluindo "assassinatos seletivos de civis durante um cessar-fogo e a apropriação de propriedade civil para uso militar".
A queixa formal foi apresentada no Departamento de Ação e Investigação Penal de Lisboa pela advogada portuguesa de direitos humanos Carmo Afonso e, aponta a fundação, baseia-se em extensa documentação recolhida pelas suas equipas jurídicas e de investigação.
Dani Adega, explicam, é um franco-atirador afiliado ao 8114.º Batalhão do exército israelita e serviu em Gaza sob o comando da 252.ª Divisão, dirigida pelo Brigadeiro-General Yehuda Vach.
"Esta divisão foi amplamente condenada por ter criado a 'zona de morte' do Corredor de Netzarim, uma passagem mortal pelo centro de Gaza onde os civis - muitos deles crianças - eram sistematicamente abatidos à vista por equipas de atiradores furtivos e patrulhas blindadas", lê-se na mesma nota.
A Fundação Hind Rajab aponta ainda que o próprio Adega terá publicitado a sua atividades nas redes sociais, onde, diz a organização, publicou uma imagem com a legenda "4 rondas, 0 falhas".
A publicação terá sido feita no início de 2025, quando estava em vigor um acordo de cessar-fogo. Só durante esta pausa no conflito, "mais de 170 civis palestinos foram mortos, com tiros de franco-atiradores sendo responsáveis por muitas das mortes documentadas".
Haverá ainda outras publicações em que se mostra no interior de edifícios civis em Gaza, de uniforme, armado e a sorrir.
A Fundação Hind Rajab considera que, de acordo com o princípio da jurisdição universal, Portugal "tem a autoridade legal - e a obrigação - de deter suspeitos de crimes de guerra encontrados no seu território" e apela às autoridades portuguesas para que detenham Dani Adonya Adega e "iniciem um processo criminal em conformidade com o direito internacional".
"Esta não é apenas uma questão de justiça para Gaza - é um teste para Portugal", disse um porta-voz da Fundação Hind Rajab. "Adega não está a esconder-se. Anda livremente numa capital europeia depois de se gabar de ter matado um atirador furtivo durante um cessar-fogo. Portugal tem de atuar"; acrescentou.
Esta denúncia faz parte de uma campanha mais alargada da Fundação para responsabilizar os militares israelitas por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos desde 2023, quando Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza.
O Notícias ao Minuto está a tentar confirmar estas informações junto da Procuradoria-Geral da República (PGR) e aguarda uma resposta.
Recorde-se que a guerra no conclave foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns. A retaliação de Israel, por sua vez, já provocou mais de 57 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas da Faixa de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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