Brnabic fez o apelo durante uma reunião com diplomatas dos Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Reino Unido, a quem transmitiu que os manifestantes atacam diariamente edifícios da polícia e tribunais, do Ministério Público e do Partido Progressista Sérvio (SNS), do Presidente nacionalista, Aleksandar Vucic.
A presidente do parlamento, membro do SNS, declarou na reunião que tal comportamento constitui um ataque à ordem constitucional, à liberdade de imprensa e à segurança dos cidadãos e, por isso, apelou a uma "reação resoluta e inequívoca" da comunidade internacional, de acordo com um comunicado oficial.
A onda de protestos em massa começou após o desabamento de um teto na recém-reformada estação ferroviária de Novi Sad, no dia 01 de novembro do ano passado, matando 16 pessoas.
A exigência inicial pela responsabilização e transparência quanto à adjudicação e execução do projeto, realizada por empresas chinesas, transformou-se numa denúncia do autoritarismo governamental e na reclamação por melhorias no Estado de Direito e pela realização de eleições antecipadas.
Nos últimos quatro dias, as manifestações tornaram-se violentas, depois de mais de 80 manifestantes terem ficado feridos na quarta-feira, no que descreveram como ataques brutais de "bandidos" do Sindicato Nacional Socialista dos Trabalhadores (SNSS) e da polícia contra cidadãos pacíficos.
O Ministério do Interior anunciou no domingo que 56 manifestantes violentos foram detidos e seis agentes policiais ficaram feridos durante os distúrbios da noite de sábado em Belgrado, Novi Sad e Valjevo, onde o edifício do Ministério Público foi incendiado.
Numa mensagem publicada na sexta-feira, o comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Michael O'Flaherty, lamentou "o uso desproporcional da força pela polícia" e reiterou o apelo às autoridades para que "evitem o uso excessivo da força, acabem com as detenções arbitrárias e reduzam as tensões".
Segundo o Governo, a violência foi provocada exclusivamente pelos manifestantes, supostamente apoiados por países ocidentais.
Brnabic disse hoje à rádio Pink que o desastre na estação ferroviária de Novi Sad não foi um acidente, mas um ato intencional de "subversão" planeado do exterior para iniciar uma revolução contra o Governo.
Esta acusação tem sido amplamente divulgada por órgãos de comunicação social próximos do Governo, sendo esta a primeira vez que um membro do Executivo a assume.
Várias organizações estudantis e representantes da oposição pediram hoje a Brnabic que apresente provas desta acusação ao Ministério Público ou, caso contrário, será acusada de espalhar notícias falsas e espalhar o pânico.
Vucic prometeu no domingo medidas "surpreendentes" e decisivas contra os manifestantes que há nove meses acusam o Governo de ser autoritário e corrupto, e que comparou a nazis e terroristas.
"Enfrentaremos todas as pressões externas, todos aqueles que nos ameaçam e nos dizem o que podemos e não podemos fazer", declarou Vucic, que descreveu o comportamento dos manifestantes como "autêntico terrorismo".
Vucic, que está no poder há 13 anos, afirmou que "bandidos" ocuparam as ruas e previu que os manifestantes em breve começarão a cometer assassínios.
O Presidente rejeitou declarar o estado de emergência, argumentando que tal medida é muito complexa e requer a aprovação do parlamento, onde detém maioria absoluta.
Sem explicar o que quis dizer, afirmou que há outras medidas que pode tomar e que precisa de alguns dias para "preparar a reação do Estado do ponto de vista legal e formal".
Vucic comparou mesmo a situação na Sérvia à época em que os nazis consolidaram o poder na Alemanha através do terror, na década de 1930.
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