Um homem, de 62 anos, foi detido na madrugada de quinta-feira para sexta-feira, em Dijon, França, sob suspeita de obrigar a mulher a embebedar-se antes de ser violada por outros homens.
Conta o L'Indépendant que, na madrugada de sexta-feira, um homem decidiu avisar a polícia depois de ter saído "de um encontro com uma mulher", uma vez que "tinha dúvidas quanto ao seu consentimento e discernimento".
O marido da vítima foi detido nessa mesma noite e a mulher, de 44 anos, revelou que tinha sido obrigada a consumir álcool e que não se lembrava de nada.
As autoridades apuraram que o suspeito obrigava a vítima a beber bebidas alcoólicas antes de a 'oferecer' a outros homens para que tivessem relações sexuais. No entanto, o suspeito, que já era um conhecido da polícia, afirmou que as relações eram consentidas.
Já a vítima terá confessado às autoridades que era obrigada a fazer sexo oral repetidamente a diversos homens.
O Ministério Público francês abriu um inquérito judicial contra o suspeito por "violação cometida por várias pessoas, na qualidade de autor ou cúmplices e pelo cônjuge da vítima", com a circunstância agravante de "administração, sem o seu consentimento, de substâncias com o objetivo de alterar o seu discernimento".
Fonte policial revelou ao jornal local que "não há muitas dúvidas" acerca da veracidade do depoimento da vítima, uma mulher de nacional cambojana.
Caso Pelicot
Recorde-se que, em França, há uma caso similar. Gisèle Pelicot, atualmente com 71 anos, foi drogada e violada durante 10 anos pelo marido, Dominique Pelicot, e por dezenas de homens que este recrutou na Internet, com idades compreendidas entre os 26 e os 74 anos.
Dominique Pelicot, de 72 anos, foi condenado em 19 de dezembro a 20 anos de prisão pelo Tribunal de Avignon, no sul de França, por violação agravada.
Pelicot, que admitiu ter violado e drogado com ansiolíticos a vítima durante anos para a sujeitar a violações por dezenas de desconhecidos recrutados na Internet, foi condenado com a pena máxima em França.
O principal arguido foi também considerado culpado de filmar e possuir imagens tiradas sem o conhecimento de Gisèle, tendo registos de quase 200 violações, mas também por ter imagens da filha e das noras.
Gisèle Pelicot tornou-se um ícone feminista, sobretudo por ter recusado que este processo extraordinário se realizasse à porta fechada, para que "a vergonha mudasse de lado" e deixasse de pesar sobre os ombros das vítimas de violação.
Os factos ocorreram entre 2011 e 2020, primeiro na região de Paris e, a partir de 2013, na casa para onde o casal Pelicot se mudou quando ambos se reformaram, situada em Mazan, uma aldeia de 6.000 habitantes perto de Avignon.
As provas de todos os crimes foram encontradas pela polícia em mais de 20.000 vídeos e fotografias presentes no computador de Dominique em 2020, depois de ter sido detido por filmar por baixo das saias de mulheres num supermercado.
Os investigadores contaram um total de 72 violadores diferentes, sem conseguir identificar todos.
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