Numa conferência de imprensa na sede da mina, propriedade da empresa pública Companhia Nacional de Cobre do Chile (Codelco), na localidade central de Rancagua, Boric sublinhou que a prioridade continua a ser o resgate dos mineiros encurralados no subsolo.
"Há muitas coisas a esclarecer numa situação com estas características, num acidente como este. Mas hoje, o mais importante é o resgate dos cinco mineiros. Toda a atribuição de responsabilidades, todas as questões sobre de quem é a culpa do que aconteceu, tem de ser esclarecido" depois, afirmou.
"Tem de haver justiça e esclarecimento, mas agora todas as nossas energias estão concentradas no resgate", insistiu, após admitir que ainda não se sabe nada sobre o estado dos mineiros soterrados.
São eles "Álex Araya Acevedo, Carlos Arancibia Valenzuela, Jean Miranda Ibaceta, Gonzalo Núñez Caroca e Moisés Pavez Armijo, com quem até o momento não foi possível estabelecer contacto", precisou o chefe de Estado chileno, acrescentando: "Mas saibam que estão a ser envidados todos os esforços com toda a tecnologia disponível, não só no Chile, mas em todo o mundo, para conseguirmos resgatá-los".
Um sismo de magnitude 4,2 na escala de Richter registado na quinta-feira à tarde a 500 metros de profundidade, no setor de Andesita, produziu um desabamento ou "explosão de rocha", que fez também um morto e nove feridos com diversos níveis de gravidade, além dos cinco mineiros presos.
A empresa sabe onde os mineiros se encontram, porque têm dispositivos de geolocalização, mas ainda não conseguiu estabelecer contacto, pelo que se desconhece o seu estado de saúde.
O plano de resgate, no qual trabalha desde quinta-feira uma equipa de 100 operacionais, consiste em retirar as rochas que bloqueiam a galeria com equipamentos telecomandados e tentar chegar ao ponto onde se estima que os mineiros se encontrem.
A incógnita, neste momento, continua a ser a causa do sismo: se foi de origem natural ou provocado pelas próprias perfurações da Codelco, tendo o Ministério Público regional de O'Higgins decidido abrir uma investigação.
Segundo explicou ao canal de televisão CNN-Chile um trabalhador que assistiu ao acidente, os colegas encontram-se numa zona de difícil acesso e elevada complexidade, mas com os recursos necessários para sobreviver durante algum tempo.
"Nesse setor, que é de alta complexidade para trabalhar, existem abrigos mineiros para aproximadamente 20 pessoas, com todo o equipamento: oxigénio, água, comida... tudo o que é necessário para ficarem um par de dias, caso não sejam logo encontrados", declarou o trabalhador.
Situada em plena cordilheira dos Andes, entre 2.200 e 3.200 metros acima do nível do mar, e explorada desde o período pré-hispânico de forma artesanal, a mina El Teniente é uma das mais antigas do mundo e um colosso de dimensões únicas, com mais de 4.500 quilómetros de túneis, escavados ao longo dos seus 120 anos de história.
Com uma produção total de 356.000 toneladas métricas de cobre fino em 2024, é desde 1971 propriedade da Codelco, a maior produtora de cobre do mundo.
"El Teniente tem um maciço rochoso único no mundo e é tão grande que no seu interior existem muitas outras minas, como Esmeralda ou Diamante. Todos os dias, mais de 20.000 pessoas entram lá para trabalhar, é quase como a população de uma pequena cidade", indicou o presidente da Câmara Mineira do Chile, Manuel Viera, citado pela agência noticiosa espanhola Efe.
Lá dentro, "há um casino e uma cantina para os trabalhadores almoçarem, escritórios, oficinas para reparar os equipamentos, um comboio e até trituradoras para reduzir o tamanho da rocha", descreveu Juan Andrés Jarufe, académico da Universidade de Santiago do Chile.
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