O Ministério Público sérvio anunciou pela primeira vez, a meio do dia, a detenção de seis pessoas, incluindo o antigo ministro da Construção, Transportes e Infraestruturas, Tomislav Momirovic.
Entre as cinco novas detenções, realizadas durante a tarde de hoje, encontram-se a antiga vice-ministra, Anita Dimoski, um antigo dirigente da empresa pública de caminhos-de-ferro Infrastruktura zeleznice Srbije (IZS) e diretores de empresas envolvidas na reconstrução.
Em 01 de novembro, uma parte da cobertura de betão da estação de Novi Sad, que tinha acabado de ser renovada, desabou, matando 16 pessoas, incluindo crianças.
A tragédia foi rapidamente atribuída a atos de corrupção, tendo sido abertos vários inquéritos.
Um dos inquéritos foi aberto para apurar as circunstâncias do acidente e as consequentes mortes, e está a ser conduzido pela procuradoria-geral de Novi Sad.
Uma segunda investigação, aberta em fevereiro, concentra-se na vertente de corrupção do caso e foi confiada ao gabinete do Ministério Público para o crime organizado.
Entre os detidos encontram-se Nebojsa Surlan, ex-diretor-geral interino da IZS, Sinisa Jokic, ex-diretor do Instituto de Proteção dos Monumentos Culturais da cidade de Novi Sad, e Veljko Novakovic, chefe de contratos públicos do mesmo instituto.
De acordo com o comunicado de imprensa do Ministério Público sérvio, estão a ser procuradas outras nove pessoas, incluindo outro antigo ministro dos Transportes, Goran Vesic, que foi um dos primeiros a demitir-se do cargo após o acidente.
De acordo com o site noticioso Nova.rs, Vesic está hospitalizado desde quinta-feira e teve de ser submetido a uma cirurgia de emergência na manhã de hoje.
Duas empresas chinesas, a China Railway International e a China Communications Construction (CRI-CCC), faziam parte do consórcio escolhido para as obras da estação ferroviária, juntamente com uma empresa francesa, Egis, e uma empresa húngara, Utiber.
Segundo o Ministério Público, "os suspeitos Momirovic, Vesic, Dimoski, Surlan e Katanic permitiram que a CRI - CCC faturasse ao investidor e ao financiador" um valor total superior a 1,21 mil milhões de dólares (cerca de 1,1 mil milhões de euros) pelos trabalhos realizados, e que realizasse trabalhos suplementares para os quais foi pedido um pagamento diferido de cerca de 55 milhões de euros.
"A empresa CRI - CCC obteve um ganho financeiro ilegal" de 16 milhões de euros, ao mesmo tempo que causou um prejuízo ao orçamento da República da Sérvia de cerca de 100 milhões de euros, "o que representa a diferença entre as obrigações financeiras assumidas pelo Estado e o custo original do contrato", referiu ainda o Ministério Público.
Desde novembro de 2024, e após o acidente, os protestos têm-se multiplicado por toda a Sérvia, alguns reunindo centenas de milhares de pessoas para exigir uma investigação transparente, um Estado de direito e eleições antecipadas.
Os estudantes, que assumiram a liderança do movimento, convocaram uma manifestação para hoje à noite, para assinalar os nove meses do acidente.
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