"Os negociadores da UE e dos Estados Unidos estão, tal como acordado, a trabalhar para finalizar a declaração conjunta, com base no acordo alcançado entre os presidentes [da Comissão Europeia, Ursula] von der Leyen e [norte-americano, Donald] Trump. Comunicar-vos-emos datas mais precisas [...] caso seja necessário mais tempo para finalizar a declaração conjunta para além de 01 de agosto", disse o porta-voz do executivo comunitário para a tutela do Comércio, Olof Gill.
Falando na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, o responsável clarificou: "Por outras palavras, o que acontecerá amanhã [sexta-feira], quando os Estados Unidos puserem termo à suspensão das suas chamadas taxas pautais recíprocas, que têm estado em pausa desde 07 de julho? É do entendimento claro da União Europeia que os Estados Unidos aplicarão o limite máximo acordado de 15% para todas as taxas pautais".
Além disso, "é também do nosso entendimento claro que os Estados Unidos aplicarão as isenções ao limite máximo de 15%, tal como delineado pela presidente von der Leyen no domingo passado".
"Isto significa que, a partir de amanhã [sexta-feira], teremos o desagravamento pautal imediato [de 30% anteriormente anunciados para 15%] que tanto nos esforçámos por conseguir e, por conseguinte, uma posição muito mais forte de estabilidade e previsibilidade para as empresas e os consumidores da UE", acrescentou o porta-voz.
E adiantou: "Os Estados Unidos assumiram estes compromissos e cabe agora aos EUA implementá-los. A bola está do seu lado".
Há precisamente uma semana, a Comissão Europeia adotou um pacote total de retaliação orçado em 93 mil milhões de euros, que ainda não suspendeu, estando a aguardar a reação norte-americana.
"É muito simples: se tudo correr como esperamos que corra, é claro que suspenderemos as tarifas de retaliação. Se chegarmos a um acordo, não precisamos das tarifas de retaliação", disse ainda Olof Gill à imprensa.
A UE conseguiu, no passado domingo, chegar a acordo com os Estados Unidos para amenizar as tensões comerciais iniciadas em março, com a consciência de que este é o acordo possível e não o melhor, pois a ambição europeia era maior, de tarifas zero para bens industriais europeus, como a Comissão Europeia chegou a propor.
O acordo comercial fixa em 15% as tarifas aduaneiras norte-americanas sobre os produtos europeus, prevendo também o compromisso da UE sobre a compra de energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares (cerca de 642 mil milhões de euros), o investimento de 600 mil milhões adicionais (514 mil milhões de euros) e um aumento das aquisições de material militar.
Foi possível alcançar uma tarifa única de 15% sobre a maioria dos bens da UE exportados para os Estados Unidos, em vez dos 30% ameaçados por Donald Trump, isentando setores estratégicos como semicondutores, componentes aeroespaciais e certos produtos farmacêuticos.
Não haverá uma tarifa semelhante por parte do bloco comunitário, até porque a argumentação norte-americana incide sobre o défice comercial dos Estados Unidos face à UE.
O acordo ainda é preliminar e não totalmente oficial, com detalhes pendentes.
Previsto está que, para já, a UE não suspenda as contramedidas que tinha preparado para o caso de não se chegar a um acordo com os Estados Unidos, enquanto se aguarda a publicação oficial.
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