Mais três pessoas foram detidas na última madrugada, embora tenha sido a noite com menos incidentes na localidade de Torre Pacheco desde sábado, quando se registaram os primeiros distúrbios, segundo as forças de segurança espanholas, que mantêm um dispositivo de mais de 100 elementos na localidade.
Os três detidos na última madrugada estão acusados de lançar objetos a polícias e mais de 120 pessoas foram identificadas pelas autoridades, a maioria delas não residentes na região que se dirigiam à localidade em grupos organizados, disse o coronel chefe da Guarda Civil de Múrcia, Francisco Pulido.
Foram ainda apreendidos vários objetos que poderiam ser usados como armas, disse o mesmo representante.
Os distúrbios e os confrontos entre grupos alegadamente de extrema-direita e residentes em Torre Pacheco, onde 30% da população de 40 mil pessoas é imigrante ou de origem estrangeira, ocorreram nas últimas quatro noites e surgiram após um homem de 68 anos da localidade ter sido agredido por jovens sem razão aparente, segundo contou a própria vítima, na quinta-feira passada, a meios de comunicação social.
Segundo as autoridades, três dos 13 detidos nos últimos dias estão relacionados com esta agressão e os restantes são suspeitas de crimes de ódio, agressões e desordem pública.
"Detetámos [na Internet] a organização de uma chamada 'caçada' [a imigrantes] para os dias 15, 16 e 17, o que permitiu antecipar um dispositivo policial de prevenção que conteve a situação", disse na segunda-feira a delegada do Governo central em Múrcia, Marioda Guevara.
O ministro da Administração Interna de Espanha, Fernando Grande-Marlaska, disse na segunda-feira que por trás dos distúrbios estão "grupos organizados" que se têm deslocado de outros pontos para Torre Pacheco e culpou o partido de extrema-direita Vox.
"É culpa do Vox e culpa dos discursos como o do Vox", disse Fernando Grande-Marlaska, que afirmou que ainda no fim de semana passado o líder da força política de extrema-direita, Santiago Abascal, usou "a maior das falsidades" ao falar em "invasão criminosa" que "roubou a paz e a prosperidade" a Espanha, referindo-se à imigração, quando "não há nenhuma identificação entre delinquência e imigração", como demonstram todas as estatísticas oficiais.
O Ministério Público de Múrcia revelou hoje que iniciou "diligências de investigação" pela possibilidade de haver delitos de ódio em declarações de dirigentes locais do Vox relativas a Torre Pacheco, na sequência de várias denúncias nos últimos dias.
O Partido Popular (PP, direita), que está à frente do município e do governo regional e lidera a oposição em Espanha, voltou hoje a apelar à serenidade e ao reforço dos dispositivos policiais.
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