Segundo a Save the Children, a violência é diária neste estado considerado "o epicentro do conflito", que ocorre há mais de dois anos no Sudão.
"Cerca de 75% das pessoas deslocadas acabaram no campo de Tawila, localizado a cerca de 60 quilómetros a sudeste de Zamzam", contextualizou.
A Organização Não-Governamental (ONG) frisou, em comunicado, que entrevistou cerca de 450 crianças deslocadas para Tawila e que centenas fazem relatos "angustiantes de terror" em que testemunharam assassínios e cadáveres nas ruas.
Outro aspeto salientado na nota de imprensa é que mais de metade das meninas entrevistadas (53%) relataram incidentes de violência sexual durante a sua viagem de Zamzam para Tawila.
"Algumas crianças relataram ter ajudado parentes idosos a percorrer longas distâncias, enquanto outras disseram que foram forçadas a deixar para trás familiares, exaustos, sob ameaça de violência", lamentou.
"Desde o início do conflito, a vida das crianças foi virada do avesso. Agora acordam ao som de tiros e bombardeamentos. As famílias cavam trincheiras para se protegerem, as escolas estão fechadas e o acesso aos cuidados de saúde é limitado. Muitas relataram que os seus colegas se juntaram a grupos armados ou foram forçados a casar precocemente devido às dificuldades económicas", frisou a organização que reitera que os direitos destas têm sido "completamente ignorados".
Por isso, a Save the Children exorta a comunidade internacional a redobrar os esforços para exigir um cessar-fogo no Sudão, a fim de permitir o acesso humanitário seguro e sem obstáculos e um aumento drástico da assistência humanitária.
A guerra no Sudão eclodiu em 15 de abril de 2023. O conflito começou entre o exército regular sudanês, liderado por Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo ('Hemeti').
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