"Este julgamento não deveria estar a acontecer. Trata-se de uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!", escreveu Trump, na carta endereçada ao Presidente brasileiro, Lula da Silva (PT), na rede social Truth Social.
"Conheci e tive contacto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato - inclusive pelos Estados Unidos -, é uma desgraça internacional", frisou o Presidente norte-americano.
Na mesma carta, Trump sublinhou que "a partir de 01 de agosto de 2025, os EUA imporão ao Brasil uma tarifa de 50% sobre qualquer envio de produtos brasileiros aos Estados Unidos, além de todas as tarifas setoriais".
A razão, detalhou, deve-se em parte "aos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como recentemente ilustrado pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de medias sociais dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado brasileiro)".
Donald Trump estar-se-á a referir à guerra entre o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e ao magnata Elon Musk.
Os debates nas redes sociais têm animado a mais alta jurisdição do Brasil há vários meses, ganhando particular importância em 2024, quando o juiz Alexandre de Moraes ordenou o bloqueio do acesso à plataforma X por ter ignorado uma série de decisões judiciais relacionadas com a luta contra a desinformação.
A X ficou bloqueada durante 40 dias no Brasil, tendo o proprietário, o bilionário Elon Musk, classificado Moraes como um ditador que ameaça a liberdade de expressão, antes de ceder às exigências.
A tensão entre os Estados Unidos e o Brasil despoletou na segunda-feira na sequência da Cimeira de chefes de Estado e Governo dos BRICS (reunião que foi presidente pelo Brasil) e na qual os membros das economias emergentes terem criticado as sanções económicas unilaterais.
Após essa declaração, Trump ameaçou impor uma tarifa aduaneira adicional de 10% aos países que "alinharem" com o bloco e de seguida posicionou-se a favor do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, rival de Lula da Silva nas eleições de 2022.
Em resposta, a presidência brasileira frisou que o país não aceita "interferência ou tutela de quem quer que seja", depois do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter dito que o Brasil está a fazer "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro.
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja", lê-se numa nota à imprensa assinada pelo Presidente brasileiro, Lula da Silva.
"Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", acrescentou o chefe de Estado brasileiro
Já hoje, depois de uma nota de apoio da embaixada dos Estados Unidos em Brasília ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro convocou o mais alto representante norte-americano no país.
[Notícia atualizada às 23h03]
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