Relatora da ONU para Palestina mantém posição apesar de sanções

A relatora especial da ONU para os Territórios Palestinianos, Francesca Albanese, garantiu hoje que continuará a "fazer o que tem de fazer" apesar das sanções impostas pelos EUA por ter acusado Israel "de genocídio" em Gaza.

 Francesca Albanese

© JURE MAKOVEC/AFP via Getty Images

Lusa
10/07/2025 15:43 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

A relatora especial da ONU para os Territórios Palestinianos, Francesca Albanese, garantiu hoje que continuará a "fazer o que tem de fazer" apesar das sanções impostas pelos EUA por ter acusado Israel "de genocídio" em Gaza.

 

Classificando as sanções contra si como medidas "calculadas para enfraquecer a sua missão", Francesca Albanese assegurou em conferência de imprensa hoje realizada em Liubliana, na Eslovénia, que continuará o seu caminho, mesmo que seja "um desafio".

As sanções foram anunciadas na quarta-feira pelo secretário de Estado norte-americano, que acusou Albanese de "antissemitismo flagrante" e de ter travado "uma campanha" contra Israel.

"A campanha política e económica de Albanese contra os Estados Unidos e Israel não será mais tolerada. Apoiaremos sempre os nossos parceiros no direito à autodefesa", disse Marco Rubio, através das redes sociais.

De acordo com o líder da diplomacia dos EUA - que boicotam o Conselho de Direitos Humanos da ONU desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca --- a relatora tem feito "esforços ilegítimos e vergonhosos para pressionar o Tribunal Penal Internacional a tomar medidas contra as autoridades, empresas e líderes norte-americanos e israelitas".

A ONU reagiu hoje de manhã, pedindo aos Estados Unidos que revertam a sua decisão.

"Exorto os Estados Unidos a suspenderem rapidamente as sanções" contra Francesca Albanese, avançou o Alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em comunicado.

"Os ataques e ameaças contra os titulares de mandatos de Procedimentos Especiais, bem como instituições-chave como o Tribunal Penal Internacional (TPI), têm de acabar", sublinhou.

Já no mês passado, os Estados Unidos tinham tomado medidas contra os juízes do TPI --- proibindo-os de entrar no país e congelando os seus bens no território norte-americano --- por ter autorizado o tribunal a emitir mandados de captura para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant.

Tais medidas têm geralmente como alvo criminosos ou líderes políticos de países hostis, e não juízes.

Também o presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o embaixador suíço Jürg Lauber, manifestou hoje o seu "pesar" pela decisão dos EUA de sancionar Francesca Albanese.

Lauber apelou a "todos os Estados-membros da ONU para que cooperem plenamente com os relatores especiais e os titulares de mandatos do Conselho e se abstenham de quaisquer atos de intimidação ou represália contra eles".

Albanese, que ocupa o cargo desde 2022, tem enfrentado críticas e pedidos para a sua demissão por parte de Israel e de alguns dos seus aliados devido às suas acusações, mas também refere ser frequentemente alvo de ameaças.

A relatora acusa Israel de "genocídio" desde o início da guerra, desencadeada pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas, a 07 de outubro de 2023.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano denunciou as duras críticas da especialista da ONU aos EUA, acusando-a de "antissemitismo descarado" e "apoio ao terrorismo" e acusou-a de recomendar que o TPI emitisse mandados de captura contra membros do Governo de Israel.

Francesca Albanese apresentou, este mês, um relatório ao Conselho dos Direitos Humanos no qual examina "os mecanismos corporativos que apoiam o projeto colonial israelita de deslocar e substituir os palestinianos", denunciando, em particular, empresas norte-americanas.

Em fevereiro, a relatora da ONU denunciou também um plano para ocupar a Faixa de Gaza e deslocar a sua população, anunciado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, classificando-o como "ilegal e completamente absurdo".

"Mesmo em casos de profundo desacordo, os Estados-membros da ONU devem envolver-se de forma substantiva e construtiva, em vez de recorrerem a medidas punitivas", lembrou Volker Türk.

"A solução não é menos, mas mais debate e diálogo sobre questões muito reais de direitos humanos", concluiu.

Leia Também: ONU quer evitar novos combates em Trípoli face a reforços militares

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