Intervindo na IV Conferência sobre a Recuperação da Ucrânia, um encontro de alto nível que junta entre hoje e sexta-feira vários líderes políticos na capital italiana, o presidente do Conselho Europeu afirmou que "a reconstrução da Ucrânia exigirá um esforço maciço e sustentado da comunidade internacional", que "corresponda à escala da destruição e à urgência do momento".
"A Rússia tem de ser responsabilizada pela devastação que causou" e "o agressor deve assumir a responsabilidade de reconstruir o que procurou destruir", defendeu.
O antigo primeiro-ministro português apontou que, tal como afirmara antes a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, "a Ucrânia pode contar com a União Europeia", mas enfatizou que "esse esforço tem também de assentar na justiça".
António Costa observou que "a reconstrução não tem apenas a ver com edifícios", mas também "tem a ver com pessoas, e começa a nível local", considerando que "as comunidades locais, os municípios, os presidentes de câmara, a sociedade civil e os meios de comunicação social são atores essenciais neste processo".
"Como antigo presidente de câmara [de Lisboa], sei o poder que a sociedade civil pode ter para satisfazer as necessidades imediatas, promover soluções lideradas pela comunidade e fazer avançar as reformas necessárias para a adesão à UE", disse.
Dirigindo-se ao Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Costa elogiou "a sua liderança ao apelar a um cessar-fogo incondicional e ao mobilizar todos os esforços diplomáticos para uma paz justa e sustentável", mas observou que, "infelizmente, a Rússia apenas respondeu com mais ataques, mais sofrimento e mais mortes injustificáveis", uma situação que "tem de acabar".
"Desde o primeiro dia, a União Europeia tem estado - e continuará a estar - firmemente ao vosso lado para garantir uma paz justa e duradoura. Estamos a fazê-lo aumentando a pressão sobre a Rússia através de sanções, reforçando a defesa da Ucrânia e recorrendo a todos os instrumentos diplomáticos ao nosso dispor para restaurar a paz na Europa", garantiu.
Esta é a quarta conferência anual consagrada à futura recuperação e reconstrução da Ucrânia desde o início da invasão em grande escala pela Rússia, em fevereiro de 2022, depois daquelas realizadas em Lugano (Suíça), meses após o início da agressão, em Londres (2023) e em Berlim (2024).
Participam na conferência na capital italiana mais de 3.500 participantes, incluindo cerca de 100 delegações oficiais e 40 organizações internacionais, e ainda centenas de representantes de instituições financeiras, empresas, autoridades regionais, municipais, sociedade civil e diáspora ucraniana.
Na sua intervenção de abertura, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu que a "escalada de terror por parte da Rússia" demonstra que o Presidente Vladimir Putin não quer a paz, pedindo por isso uma aceleração da ajuda dos aliados de Kiev e a aplicação de sanções a Moscovo.
Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a criação de um fundo europeu que utilizará dinheiros públicos para atrair investimentos privados para a reconstrução da Ucrânia, esperando mobilizar 500 milhões de euros até 2026.
Na abertura dos trabalhos, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, anunciou que as promessas de ajuda para a reconstrução da Ucrânia deverão atingir 10 mil milhões de euros, anunciou, referindo-se aos compromissos a assumir nesta IV Conferência sobre a Recuperação do país, que se prolonga até sexta-feira.
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