Um estudo divulgado na terça-feira revelou que o salário mínimo nacional (SMN) não cobre as despesas básicas de um adulto em quase todos os países da União Europeia (UE) e Portugal está mesmo entre os piores lugares, numa altura em que o valor está nos 870 euros.
Que caminho vai seguir o salário mínimo em Portugal?
De acordo com o Programa do Governo, conhecido em junho, o Executivo de Luís Montenegro quer "garantir o aumento do salário mínimo para 1.100 euros até 2029 e criar condições para a evolução do salário médio para 2.000 € até ao final da presente década, baseada na soma da inflação à totalidade dos ganhos de produtividade".
Atualmente, refira-se, a retribuição mínima garantida está fixada nos 870 euros, sendo que no acordo de valorização salarial e crescimento económico 2025-2028, assinado em outubro, o Governo comprometeu-se a subir o salário mínimo nacional em 50 euros por ano, tendo em vista atingir os 1.020 euros em 2028.
Bélgica é exceção (e salário mínimo até sobra)
A exceção aplica-se à Bélgica, onde o salário mínimo líquido excede o custo médio de vida mensal (incluindo a renda) de um adulto solteiro.
A situação mais crítica verifica-se no Chipre, onde se aplica um salário mínimo líquido de 886 euros e o custo médio mensal de vida está nos 1.801,90 euros. Seguem-se Estados como a Chéquia e a Malta, que apresentam défices de, respetivamente, 803,19 e 796,59 euros.
Portugal? Custo de vida supera o salário
Logo atrás aparece Portugal, com um défice de 717,22 euros, considerando o custo de vida e o salário pago.
O estudo indicou que a renda de um apartamento T1, em Portugal, está nos 934,92 euros, valor que somado às restantes despesas básicas de uma única pessoa ascende a 1.620,22 euros.
No caso de uma família de quatro pessoas, o rendimento médio continua a ser insuficiente em 16 países da UE e Portugal está no 'top' três.
Os maiores défices registam-se em Malta (1.468,62 euros), Grécia (1.368,69 euros) e Portugal (1.339,07 euros).
No sentido oposto, com excedentes, estão países como a Dinamarca (2.200,63 euros), Suécia (2.162,97 euros) e os Países Baixos (1.735,76 euros).
"Este estudo destaca uma realidade frequentemente ignorada: em grande parte da Europa, ganhar o salário mínimo não é suficiente para cobrir o custo de vida. Não se trata apenas de uma questão económica, trata-se de uma questão de acesso e oportunidade, sobretudo para os jovens em início de carreira", considerou o presidente da universidade, Ramon O'Challaghan.
A Gisma University of Applied Sciences fez esta análise tendo por base os rendimentos mínimos e médios nos Estados-membros da UE, o custo de vida e as rendas médias.
Em cada caso foi assumido o rendimento líquido de um emprego a tempo inteiro (40 horas semanais).
Foram ainda tidos em conta neste estudo dados do Eurostat, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e dos institutos nacionais de estatística.
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