O líder do Chega, André Ventura, revelou este domingo que vai chamar o primeiro-ministro, Luís Montenegro, "com urgência à Assembleia da República" e pedir a demissão da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral.
"O primeiro-ministro não compreende que não pode ter uma ministra que ignora o que está a acontecer, deixa os autarcas sozinhos e que pode dizer 'vamos embora', marimbando-se para as questões que lhe estão a fazer sobre o sofrimento das pessoas…", referiu em declarações à SIC Notícias.
Em causa está o facto de a ministra da Administração Interna ter feito uma declaração ao país, durante a tarde de domingo, no qual anunciou a prorrogação da situação de alerta por mais 48 horas, até terça-feira. No entanto, no final da conferência, quando questionada se tinha "palavras para os autarcas", levantou-se e disse "vamos embora" para o secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha.
"O Chega atingiu o seu limite e o Chega vai chamar à Assembleia da República de urgência e vai pedir ao primeiro–ministro que demita a ministra da Administração Interna", acrescentou.
“Vamos embora”.
— Diogo Teles Mateus (@diogotelsmateus) August 17, 2025
Mais uma conferência do Governo sem direito a perguntas. pic.twitter.com/FyLtKgNXfX
O líder considerou que se está "assistir ao limite do razoável do país" e que "chegou a um ponto em que não há sentido nenhum de prudência nem de responsabilidade" e, por isso, "a única solução" é demitir a ministra da Administração Interna.
"Temos de ter uma ministra da Administração Interna que esteja no terreno, que esteja ao lado dos operacionais e que ajudem", sublinhou.
Sobre o apelo do secretário-geral do Partido Socialista (PS), José Luís Carneiro, para que Luís Montenegro "convoque rapidamente" a Comissão Nacional de Proteção Civil, André Ventura considerou que tal "não vai resolver nada" e que o "Governo tem de governar".
Este domingo, José Luís Carneiro afirmou que reunir a Comissão Nacional de Proteção Civil serviria para garantir "o comando político" do combate ao flagelo dos incêndios florestais.
"O meu apelo é um apelo com gravidade, para que o senhor primeiro-ministro convoque rapidamente a Comissão Nacional de Proteção Civil, tendo em vista garantir a coordenação política e a assunção política, o comando político, do combate a este flagelo que está a confrontar muitas das nossas comunidades locais", disse José Luís Carneiro à agência Lusa, por telefone, a partir do município açoriano de Lajes do Pico, onde se encontra.
Segundo o secretário-geral do PS, nessa Comissão Nacional de Proteção Civil "devem estar todos quantos podem contribuir para retomar uma coordenação eficaz, mas, simultaneamente, para mobilizar os vários ministérios, para dar uma expectativa de segurança às populações, particularmente àquelas que ficaram sem condições de vida".
Sublinhe-se que o país tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração do estado de alerta, agora em vigor até terça-feira.
Os fogos provocaram dois mortos e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
As duas vítimas mortais são o ex-autarca de Vila Franca do Deão, no concelho da Guarda, e um bombeiro da corporação da Covilhã.
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