Mais cobras na cidade? "Fenómenos são cíclicos e condicionados por clima"

O Notícias ao Minuto falou com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre o aparecimento de cobras em meio urbano. Saiba o que está em causa e o que deve fazer caso se depare com um destes animais.

Cobra-rateira,

© Shutterstock

Márcia Guímaro Rodrigues
28/07/2025 16:50 ‧ ontem por Márcia Guímaro Rodrigues

País

ICNF

Ao longo dos últimos meses, várias entidades - como as autoridades e corporações de bombeiros - têm partilhado o resgate de cobras em meio urbano, incluindo em espaços públicos, como uma piscina municipal, um centro comercial e até mesmo uma máquina de venda automática da CP - Comboios de Portugal. O Notícias ao Minuto falou com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para perceber o que está em causa.

 

O ICNF explicou que "sempre existiram répteis nos meios urbanos, uma vez que há um fluxo contínuo de espécies entre os meios periurbanos, mais ou menos naturalizados, e os meios urbanos"

Além disso, adiantou, "a naturalização dos meios urbanos, principalmente através do fomento de espaços verdes, é propícia a este fluxo, que não se limita a répteis, mas engloba espécies de vários grupos".

No caso das cobras, "pode haver situações climatéricas mais ou menos favoráveis à sua reprodução, o que pode criar a ilusão de aumento do número de animais"

"Estes fenómenos são cíclicos, condicionados pelas condições climáticas, uma vez que estes animais não conseguem regular a temperatura corporal, sendo influenciados pela temperatura ambiente", disse o ICNF ao Notícias ao Minuto.

Quais são as espécies mais comuns que podem ser encontradas fora do seu habitat natural? Há alguma venenosa? 

As espécies mais comuns fora do seu habitat natural são a cobra-rateira, a cobra-de-escada, ou a cobra-de-ferradura, que são também "as espécies mais comuns na natureza".

Destas, a cobra-rateira é venenosa, mas, "como tem os dentes de veneno (colmilhos) situados na parte posterior da mandíbula, quando morde utiliza os dentes normais, injetando o veneno apenas quando está a engolir a presa" e, por esse motivo, "não é perigosa para os humanos, uma vez que a eventual ocorrência de mordeduras envolve apenas os dentes da parte anterior da mandíbula". 

Segundo o ICNF, a "grande generalidade das mordeduras" deriva de uma "reação defensiva por parte dos animais", quando há interação das pessoas com as cobras. "De forma geral, os répteis, e as serpentes em particular, são animais tímidos e evitam a aproximação a humanos, preferindo sempre a fuga", explicou.

Assim, quando se avistar um réptil em meio urbano, "não se deve interagir com o animal, mas sim deixá-lo seguir o seu caminho e não tentar pisá-lo, agarrá-lo ou encurralá-lo".

"Se não houver nenhuma destas tentativas, não haverá, seguramente, nenhum problema", garantiu o instituto.

Que medidas podem ser implementadas para evitar que cobras entrem em áreas urbanas?

As "áreas urbanas naturalizadas devem conter os elementos integrantes daqueles ecossistemas, sejam invertebrados, anfíbios, répteis, aves ou mamíferos", adiantou o ICNF, explicando que "não é desejável que estas áreas sejam totalmente estanques a elementos naturais e as cobras desempenham também um papel nesses ecossistemas urbanos naturalizados, uma vez que se alimentam de diferentes tipos de presas", como insetos, anfíbios, repteis e pequenos roedores.

Além disso, as cobras "servem também de alimento para aves, répteis e mamíferos". 

Neste sentido, é "essencial sensibilizar a população para aprender a partilhar esses espaços, compreendendo o papel de cada um dos seus elementos, e o nosso".

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