"Não me lembro de não haver a palavra crise colada à palavra jornalismo"

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Simões, admitiu à Lusa que a elevada concentração do mercado mediático em Portugal e o baixo consumo noticioso são fatores que contribuem para a amplificação da desinformação.

Entrevista: presidente do Sindicato dos Jornalistas

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Lusa
22/07/2025 06:28 ‧ há 6 horas por Lusa

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Jornalistas

"O fenómeno da desinformação será muito idêntico em todos os países, centrando-nos na nossa realidade é algo um pouco mais grave. Somos um país pequeno, com pouca gente a consumir informação", explicou o responsável em entrevista à Lusa.

 

"Ao mesmo tempo que vamos perdendo órgãos de comunicação e assistindo a uma enorme e perigosa concentração, a desinformação vai conquistando espaço", afirmou.

Além disso, os grandes investimentos em desinformação e "investimento zero na informação" podem fazer perder esta batalha, pois, em Portugal, sente-se "uma enorme resistência de todos os governos e de grande parte do poder político, (...) no apoio efetivo e eficaz à informação", acrescentou.

Neste sentido, Luís Simões, admitiu que a "extrema-direita é a grande responsável por disseminar retóricas que não são verdade", porque hoje em dia, no jornalismo, "em muitos momentos, é mais importante ser rápido do que ser rigoroso e verificar tudo".

"Quem tem a responsabilidade de verificar não são os polígrafos", afirmou o responsável, referindo que para combater a desinformação é preciso ter memória histórica e diversidade nas redações e "não só homens brancos de 50 anos".

Presidente do SJ apela à proteção dos postos de trabalho no grupo TiN

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O presidente do Sindicato dos Jornalistas considera essencial proteger os 80 postos de trabalho que, atualmente, asseguram todas as publicações do grupo Trust in News (TiN), apelando à intervenção do Estado em momentos de crise. 

Lusa | 07:11 - 22/07/2025

"As grandes empresas de comunicação no século XXI têm vivido sempre nos limites. Temos 25 anos deste século e não lembro de não haver a palavra crise colada à palavra jornalismo", refere.

Apesar disso, o líder sindical refere que "provavelmente os grandes meios tiveram condições de responder bem à desinformação nos primeiros tempos, quando tinham redações maiores (...) e não havia a loucura de ter que se dar a notícia no segundo depois do acontecimento".

"Se há condições para verificar tudo o que escrevemos, provavelmente em alguns momentos não há", admite o responsável, embora o combate à desinformação tenha vindo a ser feito através de trabalhos jornalísticos de grande qualidade.

Neste contexto, Luís Simões destaca o caso do jornalismo desportivo, em que os jornalistas afastaram-se nas suas fontes, fazendo com que a informação chegue através de outras pessoas, como as agências comunicação, "que em muitos casos têm mais gente e condições do que os próprios jornais", admitindo que este é já um erro generalizado.

Apesar do cenário atual não ser catastrófico, a pandemia foi um momento "que não soubemos capitalizar", considerou Luís Simões, afirmando que foi um momento em que houve um 'boom' de desinformação, mas em que as pessoas perceberam que a informação estava no jornalismo, pois "o jornalismo desmontou muitas das retóricas".

O presidente do Sindicato dos Jornalistas considerou ainda que a Inteligência Artificial (IA) trouxe desafios para os quais os jornalistas não estavam preparados, pelo que é importante apostar na formação.

"Zero contacto" entre Sindicato, universidades e ministério sobre Amália

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Simões, lamenta, em entrevista à agência Lusa, que ainda não tenha havido qualquer contacto das universidades responsáveis pelo desenvolvimento do 'chatbot' Amália, bem como por parte da tutela governativa.

Lusa | 06:55 - 22/07/2025

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