Ahn tentou, mas foi proibido de voltar à Coreia do Norte: "Insuportável"

Ahn Hak-sop tentou esta semana passar a fronteira entre as Coreias, para regressar ao território onde nasceu e onde tem a sua "ideologia", no Norte. O homem, de 95 anos, e que vive a pouco mais de um quilómetro da fronteira, continua a dizer que não quer ser enterrado no Sul.

Ahn Hak-sop

© m6info/ X (antigo Twitter)

Ana Teresa Banha
20/08/2025 18:26 ‧ há 2 horas por Ana Teresa Banha

Mundo

Coreia do Sul

Ahn Hak-sop, prisioneiro de guerra que quer voltar para a Coreia do Norte tentou, esta quarta-feira atravessar a fronteira, mas foi travado e mantido na Coreia do Sul. As autoridades alegarem que não havia nenhum acordo que o permitisse voltar, falando em leis de segurança necessárias. Aos 95 anos, implorou que do deixasse passar junto a uma ponte que o levaria à Zona Desmilitarizada, mas foi mandado para trás.

 

Esta tentativa é noticiada pela CNN Internacional, que dá conta de que esta rejeição foi devastadora. "Sinto a falta da Coreia do Norte, é insuportável", contou, enquanto tinha na mãe uma bandeira da Coreia do Norte, onde nasceu.

Ahn Hak-sop foi 'apanhado' por Seul em 1953, quando neste território estava a tentar entrar em contacto com forças da Coreia do Norte estacionadas a sul, para entregar algo. Depois, seguiram-se 42 anos atrás das grades, com tortura. Ahn Hak-sop ficou a sul, onde construiu família. A mulher ainda está viva, mas internada devido a problemas de demência. O casal teve uma filha, que morreu há cerca de um mês.

Tem vindo a defender que quer regressar ao território onde nasceu, e após a rejeição desta semana volta a dizer: "Quero ser enterrado numa terra livre."

O homem esteve internado várias vezes este ano, nomeadamente, devido a um problema respiratório e tem vindo a dizer que quer quer morrer a Norte, sentindo-se já enfraquecido. Para ele, a ida é muito pessoal, já que defende que é no território em causa que está "a sua ideologia."

Ahn Hak-sop é um dos seis condenados por Seul que pretende regressar à Coreia do Norte, tendo os outros idades compreendidas entre os 80 e 96 anos.

O grupo defende que deve ser tratado como sido composto por prisioneiros de guerra e que, por isso, os acordos sob a Convenção de Genebra devem ser respeitados. O governo sul-coreano estará ainda a ponderar a sua repatriação, pensando em "várias opções de um ponto de vista humanitário", mas já avisou que para que isso acontece é preciso que Pyongyang colabore também. Note-se que, apesar do esforço que o novo presidente, Lee Jae-myung, tem feito para estreitar os laços entre as duas Coreias, o Norte não tem mostrado a mesma vontade de aprimorar as relações.

Hoje, enquanto Ahn Hak-sop tentava atravessar a fronteira terá havido momentos de mais confusão, com seguranças e protestos no local também.

"A colónia dos Estados Unidos"

Apesar de ter construído a sua vida a Sul, Ahn Hak-sop aponta que o território em que está é uma "colónia dos Estados Unidos".

Conta a CNN Internacional que Ahn nasceu em 1930 na Ilha Ganghwa, na costa oeste da Coreia, durante domínio colonial japonês na península. Cresceu numa altura em que havia turbulência e incerteza, tendo um dos seus irmãos sido forçado a servir no exército e o outro fugido. 

No início, tentaram converter-me por meio de conversas. Quando isso não funcionou, começaram a torturar-me

Ahn escapou foi viver com uma tia, e, quando o Japão se rendeu, em 1945, e os Estados Unidos assumiram o controlo militar, económico e em relação à segurança da zona da Coreia do Sul, Ahn sentiu-se traído.

"Ao olhar para esta proclamação, percebi que não fomos libertados", disse ele, lembrando que na altura tinha 15 anos: "Foi assim que tudo começou. Foi por isso que iniciei movimentos anti-EUA."

Ahn foi o único dos dez soldados da sua unidade capturados em 1953 a sobreviver e a sua detenção é uma das mais longas neste caso. Ele descreveu os tempos que passou atrás das grades como sem piedade, não apenas pelas dificuldades físicas, mas pela pressão psicológica para abandonar suas crenças, ligadas à Coreia do Norte e ao comunismo: "No início, tentaram converter-me por meio de conversas. Quando isso não funcionou, começaram a torturar-me."

De acordo com o que homem tem vindo a contar, durante a sua detenção foi não só espancado como sujeito a outras técnicas de tortura, nomeadamente, a exposição a água gelada. Mas não só a pressão física foi aplicada aqui, dado que houve uma altura em que os interrogadores levaram-nos de volta até casa, à Ilha Ganghwa, para se reunir com suas irmãs, que imploraram em lágrimas que ele renunciasse ao Norte. Ele recusou. "Foi realmente doloroso", lembrou.

Ahn mora em Yonggang-ri, a pouco mais de um quilómetro da fronteira, e, para sobreviver, depende dos benefícios do governo concedidos a pessoas de baixa renda e do apoio de conhecidos. Segundo conta a CNN, a sua casa está cheia de cartazes norte-coreanos e o tapete da entrada é uma bandeira dos Estados Unidos.

Leia Também: Tem 95 anos e é um de 6 que luta por repatriação para a Coreia do Norte

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