Europa não tem direito de prolongar prazo para restabelecer sanções, diz Teerão

O chefe da diplomacia iraniana defendeu hoje que as potências europeias não têm o direito de acionar o mecanismo de reposição automática de sanções, nem de prolongar o prazo de outubro para a sua ativação.

Iranian foreign minister Abbas Araghchi says no deal without recognizing nuclear enrichment

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Lusa
20/08/2025 19:48 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Abbas Araghchi

"Como consideramos que não têm o direito de implementar o 'snapback' [o mecanismo em causa previsto no acordo nuclear de 2015], é natural que também não tenham o direito de prolongar o prazo", apontou ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, à agência de notícias oficial iraniana, IRNA.

 

Na semana passada, o Presidente do Irão disse que o país estava a trabalhar com a China e a Rússia para evitar possíveis sanções europeias relacionadas com o programa nuclear iraniano.

A Alemanha, o Reino Unido e a França (grupo conhecido como E3) indicaram estar prontos para acionar sanções, se não for encontrada nenhuma solução negociável para o programa nuclear iraniano até ao final de agosto, numa carta enviada ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

O governante iraniano referiu que, se as sanções europeias avançarem, Teerão "tem as ferramentas para reagir".

Os três países europeus, juntamente com China, Rússia e Estados Unidos, estiveram nas negociações do acordo nuclear de 2015 com as autoridades iranianas. O acordo previa o controlo das atividades nucleares iranianas em troca do levantamento das sanções internacionais.

Em 2018, o acordo ficou sem efeito com a retirada unilateral dos Estados Unidos, durante a primeira presidência de Donald Trump.

Há meses que o Ocidente tenta renegociar um tratado para regular o programa nuclear, apesar das suspeitas de que o Irão procura adquirir armas nucleares, o que o país nega.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão é o único Estado sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo tratado.

Para Teerão, o enriquecimento de urânio é um direito "inegociável" para o desenvolvimento de um programa nuclear civil.

Também hoje Abbas Araghchi admitiu continuar a cooperar com a AIEA e autorizar o regresso dos inspetores da agência da ONU ao país, depois de ter suspendido as inspeções.

Araghchi disse que a substituição do "combustível da central nuclear de Bushehr", no sudoeste do país, deverá ocorrer nas próximas semanas e exigirá "a presença de inspetores" da AIEA.

O ministro disse que o regresso dos inspetores da AIEA às centrais nucleares iranianas depende de uma decisão da mais alta instituição de segurança do Irão.

"O regresso dos inspetores será possível, ao abrigo de uma lei do parlamento, por decisão do Conselho Supremo de Segurança Nacional", afirmou Araghchi à IRNA, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

O Irão suspendeu em julho a cooperação com a AIEA por a agência não ter condenado os ataques israelitas e norte-americanos a instalações nucleares no país.

Israel lançou um ataque surpresa contra o território iraniano em 13 de junho, no meio da guerra contra o grupo extremista palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.

Durante o conflito com Teerão, que durou 12 dias, Israel efetuou centenas de ataques contra instalações militares e nucleares, matando cientistas ligados ao programa nuclear iraniano e oficiais de alta patente.

O Irão retaliou como lançamento de mísseis e 'drones' contra Israel e atacou a maior base dos Estados Unidos no Médio Oriente, no Qatar.

Os Estados Unidos bombardearam instalações nucleares no Irão em 22 de junho e anunciaram um cessar-fogo dois dias depois.

Mais de mil pessoas foram mortas no Irão durante o conflito, segundo as autoridades iranianas.

Israel registou 28 mortos devido aos ataques iranianos.

O Irão lidera o chamado "eixo de resistência" contra Israel e os Estados Unidos, que integra o Hamas, o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iémen, além de outros grupos extremistas da região.

Leia Também: Ataque aéreo israelita a prisão iraniana foi "evidente crime de guerra"

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