"Numa guerra nuclear não há vencedores", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitry Peskov na conferência de imprensa telefónica diária, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Peskov pediu cautela nas declarações sobre arsenais nucleares.
"Pensamos que toda a gente deve ter muito cuidado com o que diz sobre a questão nuclear", afirmou Peskov, também citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Peskov disse ainda que os dois submarinos norte-americanos anunciados por Trump "já estão em serviço" de forma permanente.
"Não queremos ser arrastados para uma tal polémica", acrescentou.
Donald Trump anunciou na sexta-feira a deslocação de dois submarinos nucleares para "zonas apropriadas", que não especificou, em resposta a comentários que considerou provocatórios do ex-presidente russo, Dmitri Medvedev (2008-2012).
A ordem de Trump foi dada um dia depois de Medvedev o ter criticado por ter feito um ultimato a Moscovo para acabar com a guerra contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2023.
Medvedev considerou o ultimato como "uma ameaça e um passo para a guerra" com os Estados Unidos e advertiu Washington de que a Rússia "não era Israel, nem tão pouco o Irão".
Trump disse que ordenou o posicionamento dos submarinos para o caso de as "declarações idiotas e inflamatórias" de Medvedev serem mais do que meras palavras.
"As palavras são importantes e podem muitas vezes ter consequências inesperadas, espero que não seja esse o caso desta vez", afirmou, sem esclarecer se os submarinos seriam movidos a energia nuclear ou iam transportar ogivas nucleares.
Inicialmente conciliador com o homólogo russo, Vladimir Putin, Trump ameaçou impor novas sanções contra a Rússia se Moscovo não aceitar uma trégua na Ucrânia até 09 de agosto.
Apesar do aumento das tensões, Trump anunciou a visita do enviado presidencial Steve Witkoff a Moscovo na quarta ou na quinta-feira.
Dmitri Peskov comentou hoje que a visita do enviado especial de Trump será "importante e útil".
"Estamos sempre satisfeitos por ver o senhor Witkoff em Moscovo e estamos sempre satisfeitos por estar em contacto com ele", disse, admitindo que um encontro com Putin não estava fora de questão.
Peskov reafirmou que Moscovo pretende "resolver o problema da Ucrânia através de meios diplomáticos e políticos".
Putin já se encontrou com Witkoff em várias ocasiões em Moscovo, mas os esforços de Trump para restabelecer o diálogo com o Kremlin não deram frutos.
Trump, que começou o segundo mandato no início do ano a afirmar que podia acabar com a guerra na Ucrânia numa questão de dias, tem expressado nas últimas semanas cada vez mais abertamente a frustração com Putin.
Questionado no domingo pelos jornalistas se há alguma coisa que a Rússia possa fazer para evitar sanções, Trump respondeu que Moscovo deve fazer um acordo "para que as pessoas deixem de ser mortas".
Apesar da pressão de Washington, a ofensiva russa contra o país vizinho tem prosseguido, tendo sido disparados esta noite 162 drones e um míssil, quase todos abatidos, indicou a força aérea ucraniana.
Já o Ministério da Defesa russo disse ter derrubado 61 drones ucranianos, a maioria dos quais sobrevoava o mar Negro.
Putin disse na sexta-feira que queria a paz, mas que as exigências para pôr fim à invasão permaneciam inalteradas.
A Rússia exige que a Ucrânia entregue quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson), além da Crimeia anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e a qualquer adesão à NATO.
Estas condições são inaceitáveis para Kyiv, que pretende a retirada das tropas russas e garantias de segurança ocidentais, incluindo a continuação do fornecimento de armas e o destacamento de um contingente europeu.
[Notícia atualizada às 11h54]
Leia Também: Deceção de Trump com Putin "nada contribui" para aproximar posições