Numa declaração conjunta divulgada na noite de sexta-feira, os secretários dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, e do Interior, Yvette Cooper, afirmaram que a emissão de novos mandados de detenção e recompensas por parte da polícia de Hong Kong contra indivíduos residentes no Reino Unido "é mais um exemplo de repressão transnacional".
"Isto encoraja comportamentos irresponsáveis em solo britânico e prejudica a reputação internacional de Hong Kong", adiantaram os governantes.
As autoridades de Hong Kong anunciaram na sexta-feira que oferecem recompensas por informações que levem à detenção de 19 ativistas pró-democracia radicados no exterior e acusados de violar a lei de segurança nacional, imposta por Pequim em 2020.
A polícia da região semiautónoma chinesa, vizinha de Macau, disse que os 19 ativistas "organizaram, estabeleceram ou participaram numa organização subversiva chamada Parlamento de Hong Kong", referindo-se a uma organização não-governamental pró-democracia sediada no Canadá.
Essa organização tenta "derrubar e destruir" o sistema fundamental e os órgãos do Governo chinês "por meios ilegais", acrescentou a polícia em comunicado.
Quatro dos 19 ativistas em questão já eram procurados, com uma recompensa oferecida, por cabeça, de um milhão de dólares de Hong Kong (cerca de 108.500 euros), incluindo o empresário Elmer Yuen, que se tornou comentador político.
Para os outros 15, a recompensa é de 200 mil dólares de Hong Kong cada (cerca de 21.700 euros).
As autoridades indicaram ter detido, até 01 de julho, 333 pessoas por várias infrações à lei de segurança nacional, das quais 165 foram condenadas.
Esta é a quarta vez que as autoridades de Hong Kong fazem este tipo de apelo, que já atraiu fortes críticas dos países ocidentais, denunciadas como "ingerência" por Hong Kong e pela China.
Os dois ministros britânicos pediram na sexta-feira que "as autoridades chinesas e de Hong Kong parem de visar deliberadamente as vozes da oposição no Reino Unido".
Aproximadamente 150.000 cidadãos de Hong Kong emigraram para o Reino Unido através de um programa de vistos específico, introduzido em 2021.
Recentemente, uma proposta do governo britânico para reformar as regras de extradição para Hong Kong gerou sérias preocupações, com alguns cidadãos da ex-colónia britânica a sentirem-se ameaçados com uma facilitação das extradições, suspensas desde 2020 após a adoção da lei de segurança nacional chinesa.
Na sua declaração, os dois ministros britânicos afirmaram que o governo "continuará a apoiar o povo de Hong Kong, incluindo aqueles que fizeram do Reino Unido a sua casa".
"Levamos muito a sério a proteção dos seus direitos, liberdades e segurança", acrescentaram.
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