No início do segundo dia consecutivo de interrogatório do procurador-geral adjunto Todd Blanche a Maxwell, o seu advogado disse esperar "mais um dia produtivo", depois de a antiga parceira de Epstein "ter sido tratada injustamente durante mais de cinco anos".
"Se procurarem 'bode expiatório' no dicionário, o rosto dela (de Maxwell) aparecerá ao lado da definição. Por isso, estamos gratos por esta oportunidade de podermos finalmente dizer o que realmente aconteceu", afirmou o advogado à imprensa em Tallahassee, na Florida.
O Presidente Donald Trump admitiu hoje que, embora tenha o poder de perdoar Maxwell, não ponderou o assunto.
"Na verdade, tenho poder para o fazer, mas não é algo em que tenha pensado", disse à imprensa antes de partir para a Escócia.
A confirmação pelo Departamento Federal de Investigação (FBI) e o Departamento de Justiça (DOJ), no início deste mês, de que não havia provas da existência de uma "lista de clientes" chantageados por Epstein, e que a morte do pedófilo numa prisão federal em 2019 resultou de suicídio, levou a uma crise inesperada entre os membros do movimento MAGA ("Make America Great Again", "Tornar a América Grande de Novo") de Donald Trump.
Sob pressão de segmentos conspiracionistas da sua base política para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, criminoso sexual com quem manteve relações próximas durante décadas, Trump negou o conhecimento ou o envolvimento nos crimes de Epstein e disse que terminou a amizade há anos.
O interrogatório a Maxwell foi uma das medidas anunciadas pelo DOJ para tentar conter as críticas, que se estendem a setores do Partido Republicano, incluindo congressistas.
Hoje, o advogado de Maxwell denunciou que a cúmplice de Epstein "está em condições terríveis e horríveis há cinco anos".
"Não aceitaríamos animais nas condições em que ela foi mantida na prisão. Por isso, é incrível que ela consiga manter o ânimo tão elevado, e estamos orgulhosos disso", disse Markus.
Os media norte-americanos têm dado conta da possibilidade de Maxwell ter a sua pena reduzida por cooperar com as autoridades, fornecendo detalhes importantes sobre o caso.
Em 2008, Epstein enfrentou acusações estaduais relacionadas com o abuso sexual de menores na Florida, mas chegou a um polémico acordo secreto com o Ministério Público que lhe permitiu declarar-se culpado de solicitação de prostituição e cumprir 13 meses de prisão.
Onze anos depois, foi acusado em Nova Iorque de acusações federais de tráfico sexual de menores e conspiração, mas morreu na prisão antes de ser julgado.
Maxwell foi considerado culpado em dezembro de 2021 de cinco acusações federais relacionadas com o tráfico sexual de menores, incluindo conspiração para recrutar, transportar e abusar de raparigas menores de idade em benefício de Epstein.
Teve lugar na quinta-feira o primeiro interrogatório do procurador-geral adjunto a Maxwell, que respondeu a todas as perguntas, segundo o seu advogado.
Esta semana, o The Wall Street Journal publicou que Trump fora informado em maio por funcionários do DOJ que o seu nome aparece "várias vezes" nos arquivos do caso contra o pedófilo Jeffrey Epstein.
Numa "reunião informativa de rotina", onde este não era o tema central, Bondi e a sua equipa terão informado Trump de que os ficheiros continham o que consideravam "rumores não verificados sobre muitas pessoas, incluindo Trump, que tiveram contacto com Epstein no passado", refere o jornal.
De acordo com o Wall Street Journal, uma das fontes com conhecimento dos documentos afirmou que estes "incluem centenas de outros nomes".
Trump, que tem estado sob pressão dos seus apoiantes para cumprir a promessa de divulgar toda a informação sobre o caso, negou na semana passada que tivesse sido informado sobre a presença do seu nome nos arquivos.
A Casa Branca classificou como "notícias falsas" as informações avançadas também pela CNN e The New York Times.
De acordo com o jornal, foi Ghislaine Maxwell quem recolheu cartas de Trump e de outros parceiros de Epstein para as incluir num álbum como presente.
Trump processou na sexta-feira o WSJ, a News Corp, grupo que inclui o jornal, e o seu proprietário, Rupert Murdoch, por divulgar a alegada carta a Epstein.
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