Depois de meses de detenção na prisão de alta segurança, 252 venezuelanos foram repatriados na sexta-feira no quadro de uma troca de detidos entre Washington e Caracas.
"Decidimos abrir uma investigação oficial", disse o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, durante uma conferência de imprensa, nomeando explicitamente o presidente salvadorenho, Nayib Bukele.
"Apelo ao Tribunal Penal Internacional, ao Conselho dos Direitos do Homem da ONU, aos organismos correspondentes tanto na América como no resto do mundo, a fazerem o mesmo, a fazerem a sua parte", acrescentou o procurador.
Segundo Saab, 80 funcionários do Ministério Público interrogaram os migrantes depois de regressarem ao país. Os seus testemunhos indicaram violência sexual, agressões diárias, vítimas de disparos com balas de borracha e fornecimento de alimentação estragada.
"Formularam acusações graves de violações massivas dos seus direitos no Centro de Confinamento de Terrorismo", construído por Bukele no contexto da luta contra os gangues, disse o procurador.
Os 252 venezuelanos repatriados tinham sido acusados de pertença ao gangue designado Trem de Aragua.
Invocando uma lei de 1798 sobre os inimigos de Estado, o governo norte-americano tinha expulsado sem processo judicial estes migrantes para El Salvador.
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