Emmanuel Macron condenou veementemente o ataque através da rede social X, acrescentando que falou com o cardeal Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém.
O chefe de Estado francês assegurou "a solidariedade da França a todos os cristãos palestinianos que, de Gaza a Taybeh, estão hoje ameaçados".
"A continuação desta guerra é injustificável. O cessar-fogo deve ser finalizado agora, e os civis e os reféns devem ser libertados da ameaça de uma guerra permanente", exigiu ainda.
Poucas horas antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, descreveu como inaceitável o bombardeamento da Igreja Católica da Sagrada Família em Gaza, "colocada sob a proteção histórica da França", assegurando ao Patriarca Latino a "emoção e a solidariedade" de França.
Desde a década de 1920 que a França deixou de ter um "papel legal na proteção dos cristãos católicos orientais".
"No entanto, os acordos assinados entre a França e o Império Otomano em Mitilene, em 1901, e em Constantinopla, em 1913, que concederam à França proteção às comunidades religiosas católicas na Terra Santa, foram reconhecidos pelas autoridades israelitas e palestinianas e, por isso, ainda estão em vigor", frisou a diplomacia francesa.
"A paróquia latina de Gaza está sob a proteção da França e é explicitamente mencionada no acordo de 1913", explicou o consulado francês em Jerusalém à agência France-Presse (AFP).
A proteção francesa garante também certos direitos às instituições religiosas, como as isenções fiscais.
Também o Governo espanhol condenou o bombardeamento: "Exigimos respeito por locais especialmente protegidos pelo Direito Internacional Humanitário e instamos a cessação imediata das hostilidades e dos ataques indiscriminados contra a população civil", frisou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação sublinhou ainda, em comunicado, que o Governo espanhol "reitera a urgência de se chegar a um cessar-fogo que permita a libertação dos reféns e a entrada de ajuda humanitária".
Israel atacou na quinta-feira a paróquia católica do enclave, fazendo pelo menos três mortos e vários feridos, incluindo o seu pároco, o argentino Gabriel Romanelli, a quem o Papa Francisco telefonou todos os dias desde o início da invasão israelita da Faixa de Gaza e pouco antes da sua morte, em 21 de abril.
Do Vaticano, o papa Leão XIV recebeu "com profunda tristeza a notícia da perda de vidas humanas e dos feridos causados pelo ataque militar à igreja católica da Sagrada Família em Gaza", e assegurou ao padre Gabriele Romanelli e a toda a comunidade paroquial "proximidade espiritual", segundo um telegrama assinado em nome do papa.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 58 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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