Numa declaração, a presidência acusou as "forças fora da lei" - como se refere às facções drusas de Sweida - de violarem o acordo envolvendo-se em "atos de violência horríveis" contra civis.
Estes, alega, incluem "crimes que violam completamente as obrigações de mediação, ameaçam diretamente a paz civil e levam ao caos e ao colapso da segurança".
O comunicado de Damasco foi publicado após a agência oficial síria SANA noticiar que a aviação israelita bombardeou esta noite os arredores da cidade de Sweida (sul), quando estava em vigor uma trégua após violentos confrontos intercomunitários.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) adiantou que teria sido atingido um grupo de beduínos, comunidade que nos últimos dias protagonizou intensos confrontos com a minoria drusa local, que Israel apoia.
As forças israelitas não confirmaram até ao momento aquele que seria o seu primeiro ataque na Síria desde a retirada, durante última a noite, das forças governamentais sírias de Sweida, para onde tinham sido mobilizadas em apoio aos beduínos sunitas.
A retirada era exigida por Israel após confrontos entre combatentes drusos e tribos beduínas que causaram cerca de 600 mortos, segundo o OSDH.
Israel bombardeou na quarta-feira posições das forças sírias em Sweida (sul) e também fez dois ataques na capital, Damasco, nomeadamente ao quartel-general do exército sírio e ao palácio presidencial.
Os ataques israelitas, alegadamente em apoio à minoria drusa envolvida em confrontos com sunitas beduínos e o exército sírio, foram condenados pelo Governo sírio e pela comunidade internacional.
Após os confrontos entre a comunidade drusa e as tribos beduínas em Sweida, que começaram no domingo, as forças do Governo sírio e os seus aliados foram enviados na terça-feira para a região, anteriormente controlada por combatentes drusos locais.
O OSDH, grupos drusos e outras testemunhas acusaram as forças de segurança sírias de inúmeros abusos.
O Departamento de Defesa (Pentágono) norte-americano afirmou hoje que Washington não apoiou os ataques israelitas na Síria.
O Presidente sírio, Ahmed al-Charaa, comentou hoje o sucesso dos esforços para conter o surto de violência na província de Sweida, cuja segurança estará nas mãos das fações locais e dos líderes religiosos.
"Os esforços do Estado para restaurar a estabilidade e expulsar as fações ilegais foram bem-sucedidos (...) Graças à intervenção eficaz da mediação americana, árabe e turca, a região foi salva de um destino incerto", disse o Presidente da Síria num discurso televisivo.
O líder sírio explicou que decidiu deixar a segurança de Sweida nas mãos de fações locais e líderes religiosos, depois de a chegada das forças governamentais para assumir estas tarefas ter desencadeado intensos confrontos.
"Tínhamos duas opções: abrir uma guerra com a entidade israelita à custa do nosso povo druso e da sua segurança, desestabilizando a Síria e toda a região; ou permitir que os líderes drusos caíssem em si e priorizassem o interesse nacional", concluiu Al-Charaa.
[Notícia atualizada às 23h59]
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