França e Reino Unido acordam "coordenar" dissuasão nuclear

A França e o Reino Unido declararam-se hoje prontos para "coordenar" as respetivas capacidades de dissuasão nuclear para proteger a Europa de qualquer "ameaça extrema", uma mudança importante de doutrina perante a deterioração da segurança europeia.

French President Emmanuel Macron delivers a speech at the British Museum

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Lusa
09/07/2025 23:18 ‧ há 8 horas por Lusa

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Nuclear

Por ocasião da visita de Estado ao Reino Unido do Presidente francês, Emmanuel Macron assinará na quinta-feira com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, uma declaração que "afirmará pela primeira vez que os meios de dissuasão respetivos dos dois países são independentes, mas podem ser coordenados", segundo nota do Ministério da Defesa britânico e da Presidência francesa.

 

"Não existe uma ameaça extrema para a Europa que não provoque uma resposta dos dois países", acrescentaram, sem especificar a natureza dessa resposta ou da ameaça, mas numa altura em que os aliados europeus da NATO se mobilizam, após décadas de desinvestimento militar, para colmatar a inferioridade de meios em relação à Rússia, a maior potência nuclear mundial a par dos Estados Unidos.

"Qualquer adversário que ameace os interesses vitais do Reino Unido ou da França poderá ser confrontado com a capacidade das forças nucleares das duas nações", afirmam os dois países, que mantêm a soberania de cada um sobre a decisão de lançar um ataque.

De acordo com a Presidência francesa, "um grupo de supervisão nuclear", co-chefiado pelo Eliseu e pelo Gabinete do Governo britânico, será responsável por "coordenar a cooperação crescente no domínio da política, das capacidades e das operações".

Reino Unido e a França - as únicas potências nucleares da Europa Ocidental - concordaram em trabalhar em conjunto em questões nucleares na Declaração Conjunta de Chequers, em 1995, mas sem mencionar a resposta que seria mobilizada em caso de ameaça a ambos.

Esta declaração estipulava que Paris e Londres "não podem imaginar uma situação em que os interesses vitais de um dos dois países (...) possam ser ameaçados sem que os interesses vitais do outro também o sejam".  

Desde então, o contexto de segurança e militar na Europa mudou, especialmente após a invasão russa da Ucrânia em 2022.

A incerteza sobre o compromisso dos Estados Unidos com os seus aliados europeus e com a NATO, com a presidência de Donald Trump, também levou vários países a questionar a solidez da garantia de segurança norte-americana.

Este reforço da cooperação em matéria de defesa promete ser o principal anúncio da cimeira bilateral franco-britânica que será presidida por Keir Starmer e Emmanuel Macron em Downing Street, na quinta-feira.

De acordo com Londres, os dois países deverão também anunciar a aceleração do programa conjunto de mísseis de cruzeiro Scalp/Storm Shadow e lançar a "nova fase" do projeto conjunto Míssil de Cruzeiro do Futuro e Míssil Anti-Navio (FMC/FMAN).

Os acordos de cooperação bilateral assinados em Lancaster House em 2010 ratificaram a criação de uma Força Expedicionária Conjunta Franco-Britânica (CJEF), que a partir de agora constituirá a "base" da coligação de países disponíveis que Paris e Londres lançaram no início de 2025, reunindo cerca de 30 nações empenhadas em reforçar as capacidades de defesa da Ucrânia.

Num resumo de uma reunião hoje na residência oficial de Starmer em Londres, o porta-voz do primeiro-ministro britânico adiantou que os dois governantes concordaram no desejo de "aprofundar ainda mais" a parceria no apoio à Ucrânia, em matéria de defesa e no aumento do comércio e investimento bilaterais, além do controlo da imigração.  

Na quinta-feira, além da cimeira franco-britânica, Starmer e Macron vão copresidir, a partir da base aérea de Northwood, perto de Londres, a uma reunião da coligação de países disponíveis para apoiar Kyiv.

O Presidente francês e a mulher, Brigitte, chegaram na terça-feira ao Reino Unido para uma visita de Estado de três dias, que começou com um encontro com o Rei Carlos III e a Rainha Camilla no Castelo de Windsor, onde à noite foi homenageado com um banquete de Estado.

[Notícia atualizada às 23h41]

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