Questionado pelo canal de televisão LCI sobre o impacto destes ataques a instalações nucleares iranianas, o chefe da Direção-Geral de Segurança Externa respondeu: "inegavelmente, vários meses, com certeza, inegavelmente um atraso no programa, dado que foi projetado industrialmente".
Seja em relação à capacidade de enriquecer urânio, de projetar uma ogiva nuclear ou de a integrar num míssil, adiantou, a avaliação do DGSE "hoje é que cada uma destas etapas foi seriamente afetada, muito seriamente danificada, e que o programa nuclear iraniano, tal como o conhecíamos, foi muito, muito atrasado".
"Esta é uma realidade que ainda tem de ser apurada", acrescentou Lerner.
O estado do programa iraniano após os ataques israelitas e norte-americanos é objeto de inúmeras dúvidas, com o Presidente Donald Trump a dizer que foi "arrasado", mas outros responsáveis a mostrarem-se mais cautelosos.
O chefe da DGSE afirmou que "hoje, nenhum serviço de informações no mundo é capaz, ou foi capaz nas poucas horas seguintes a estes ataques, de ter uma avaliação perfeita e abrangente do que poderá ter acontecido".
De acordo com o Departamento de Defesa norte-americano, o programa nuclear foi adiado "por pelo menos dois anos".
Esta avaliação contradisse um relatório preliminar secreto dos serviços de informações norte-americanos, divulgado anteriormente pela imprensa, que indicava que os bombardeamentos contra o Irão tinham penalizado o seu programa nuclear em apenas alguns meses.
"Dois elementos exigem cautela", sublinhou hoje o responsável da DGSE: o destino de parte do stock de urânio altamente enriquecido e o risco de Teerão continuar clandestinamente o seu programa nuclear.
No início de julho, o Irão suspendeu oficialmente a sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), responsável pela segurança nuclear.
Segundo Lerner, "há um consenso de que o material, os 450 kg de urânio enriquecido, pode ter sido destruído, mas esse material continua nas mãos do regime".
"Não podemos segui-lo com certeza (...), especialmente até que a AIEA retome o seu trabalho, e é por isso que era tão importante", acrescentou.
O Irão nega que o seu programa nuclear se destine à produção de bombas atómicas, mas tem vindo a enriquecer urânio até próximo do nível necessário para o fazer.
Israel, Estados Unidos e a generalidade dos países ocidentais defendem que o objectivo da República Islâmica é tornar-se uma potência nuclear.
Os Estados Unidos e o Irão iniciaram negociações a 12 de abril sobre o programa nuclear iraniano, que Washington procura interromper por o considerar uma ameaça.
As negociações foram suspensas a 13 de junho, após uma ofensiva militar lançada por Israel contra o Irão, à qual os Estados Unidos se juntaram a 22 de junho com um bombardeamento das instalações nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan.
Netanyahu disse que os ataques "removeram os dois tumores que ameaçavam a vida de Israel: o tumor nuclear e o tumor dos mísseis balísticos", mas avisou que "remover um tumor não significa que não possa reaparecer".
Depois do ataque norte-americano, as partes concordaram com um cessar-fogo, pondo fim a uma guerra de 12 dias.
Durante o conflito de 12 dias, Israel atacou instalações militares, nucleares e energéticas iranianas, bem como zonas residenciais em Teerão.
O conflito causou a morte de 28 pessoas em Israel e pelo menos 1.060 no Irão, disse na segunda-feira o diretor da Fundação dos Mártires e Veteranos iraniano, Saeed Ohadi, numa entrevista à televisão estatal.
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