Segundo um novo estudo realizado na Dinamarca, e publicado no Journal of the American Heart Association, o número elevado de horas que crianças e adolescentes passam em frente a ecrãs está ligado a um aumento do risco de problemas cardíacos.
A investigação mostrou também que a falta de sono poderia estar ligada a este problema e a outro tipo de condições, como pressão alta, altos níveis de açúcar no sangue, colesterol elevado e até excesso de gordura abdominal.
O estudo analisou dados do tempo passado em ecrãs e as horas de sono de mais de mil crianças na Dinamarca. Consideraram o tempo a ver televisão ou em dispositivos eletrónicos, como telemóvel ou consolas. Foram ainda medidos os níveis de colesterol, o açúcar no sangue ou a pressão arterial.
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Jovens com um número de horas passados em ecrãs elevado estavam em maior risco de vir a desenvolver problemas cardíacos, e não só, no futuro. O maior risco foi identificado em crianças e adolescentes com menos de duas horas de sono por noite.
"Este estudo ajuda a reforçar a nossa confiança na descoberta de que o tempo passado em ecrãs em jovens pode impactar negativamente a saúde cardiometabólica”, revela a pediatra Amanda Marma Perak, em declarações à ABC.
Apesar dos resultados, "este ainda foi um estudo observacional, que mostra uma relação, e não um experiência que mostra causalidade", continua. Aponta ainda outro tipo de limitação, como a distinção entre o tempo passado em ecrãs para fins educacionais e algo mais lúdico.
"A combinação de mais tempo passado em ecrãs, e o facto de dormirem tarde ou não dormirem o suficiente parece ser mais prejudicial à saúde do coração", explica a médica. A especialista afirma que gostava de ver mais estudos do género para chegar ao mesmo tipo de conclusões e deixar ainda mais o aviso.
Videojogos. Outro estudo revela os efeitos no QI
Um estudo descobriu que passar mais tempo a jogar videojogos pode estar associado a um aumento no QI das crianças, contrariando a ideia de que os jogos são prejudiciais para as mentes jovens.
"Os media digitais definem a infância moderna, mas os seus efeitos cognitivos não são claros e são muito debatidos", escreveu a equipa da Holanda, Alemanha e Suécia no seu artigo publicado.
"Acreditamos que estudos com dados genéticos podem esclarecer alegações causais e corrigir o papel normalmente não contabilizado das predisposições genéticas."
Os investigadores analisaram os registos de tempo de ecrã de 9855 crianças no Estudo ABCD, todas nos EUA e com idades entre os 9 e os 10 anos. Em média, os jovens relataram passar 2,5 horas por dia a ver televisão ou vídeos online, uma hora a jogar videojogos e meia hora a socializar pela internet.
"Os nossos resultados apoiam a alegação de que o tempo de ecrã geralmente não prejudica as habilidades cognitivas das crianças e que jogar videojogos pode realmente ajudar a aumentar a inteligência", explicou o neurocientista Torkel Klingberg, do Instituto Karolinska, na Suécia.
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