Um dos primeiros atos do sucessor de Mário Centeno enquanto ministro foi o de quebrar formalismos - pediu para ser tratado por Álvaro, em vez de ministro -, tendo a gestão do seu ministério ficado marcada por diversos cortes, nomeadamente na construção do TGV, que considerou ser "um erro financeiro" e nas rendas das energéticas, para além da suspensão de quatro feriados, em nome da produtividade do país.
Santos Pereira introduziu ainda uma nova Lei da Concorrência e defendeu os investimentos mineiros e a reindustrialização do país, tendo um dos seus derradeiros atos como ministro sido retirar à Portugal Telecom o serviço universal de telecomunicações.
Num mandato marcado pelo combate ao défice e à dívida externa, Álvaro Santos Pereira defendeu, durante uma conferência organizada em 2012 pelo Diário de Notícias, a internacionalização do pastel de nata: Questionando "porque não existe um 'franchising' de pastéis de nata", considerou-os tão vendáveis "como os churrascos Nando's ou os hambúrgueres".
Nascido em 1972, em Viseu, e de nacionalidade portuguesa e canadiana, Santos Pereira licenciou-se em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e doutorou-se na mesma área pela Simon Fraser University, em Vancouver.
Entre 2000 e 2004 ensinou no departamento de Economia da University of British Colúmbia e, entre 2004 e 2007, foi docente no departamento de Economia da Universidade de York, onde lecionou Economia Europeia e Desenvolvimento Económico.
Foi diretor de estudos nacionais no Departamento de Economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e, em 2024, foi nomeado economista-chefe na OCDE, substituindo Clare Lombardelli.
É autor dos livros "Diário de um Deus Criacionista", O Medo do Insucesso Nacional", "Os Mitos da Economia Portuguesa", "Portugal na Hora da Verdade" e "Reformar Sem Medo - Um Independente no Governo de Portugal".
O economista Álvaro Santos Pereira foi hoje escolhido para governador do Banco de Portugal (BdP), sucedendo no cargo a Mário Centeno, anunciou o ministro dos Assuntos Parlamentares, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros.
"Por decisão do Conselho de Ministros, por proposta do ministro das Finanças, [o novo governador] será o professor doutor Álvaro Santos Pereira", anunciou Leitão Amaro, justificando a escolha com o currículo "altamente reconhecido" do economista.
"É hoje o economista principal de uma das principais organizações internacionais da economia mundial. É um profundo conhecedor da economia portuguesa, um profundo conhecedor da economia internacional, conhecedor do sistema financeiro", disse.
Questionado sobre a razão de não ter reconduzido Mário Centeno, o ministro da Presidência afirmou que o Governo entendeu escolher alguém que considera ser melhor do que Centeno para exercer a função de governador.
"Escolhemos alguém que entendemos que é melhor para o cargo, naturalmente. Entendemos que o professor Álvaro Santos Pereira serve melhor os objetivos que se pretendem para um banco central - que é a autoridade de supervisão e tem responsabilidades de estudos, tem responsabilidades estatísticas, que é parte do Eurosistema, do Mecanismo Europeu de Supervisão - e essas características que nos fizeram fazer essa escolha são as várias que eu referi. É melhor escolha e é a melhor escolha, por ser independente: não vem nem de dentro do banco, nem vem de um governo", justificou-se.
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