António Filipe apresenta, esta segunda-feira, a sua candidatura a Belém, duas semanas depois o Partido Comunista Português anunciar que este tinha sido o noem escolhido pelo partido para avançar em direção a Belém.
"As mensagens de apoio que temos vindo a receber desde o dia em que a nossa candidatura foi anunciada demonstram que esta candidatura tem pés para andar", começou por dizer, acrescentando: "Mas, mais do que isso, tem cabeça, tronco e membros, está de corpo inteiro, cabeça levantada e de coração ao alto nesta importante batalha pela democracia que é a eleição presidencial de 2026."
A candidatura de António Filipe foi apresentada na A Voz do Operário, uma localização não escolhida ao acaso, tal como apontou António Filipe: "A voz do operário é a nossa voz e a esta candidatura será a voz dos anseios de todos os trabalhadores, a voz de todos os que criam a riqueza e não usufruem dela. A voz de todos os que nunca desistem de lutar pela sociedade livre, justa e solidária a que alude o Artigo 1.º da Constituição da República."
O candidato presidencial apontou ainda que Portugal é um país que "apesar das possibilidades abertas pela Revolução de Abril, tem sido sujeito a políticas que conduzem ao empobrecimento e à exploração", assim como à degradação.
"A Direita controla hoje todos os órgãos de soberania, dispõe de uma ampla maioria na Assembleia da República, dá suporte a um Governo apostado em levar por diante uma agenda reacionária, que afronta à Constituição e ataque aos direitos dos trabalhadores", atirou, falando ainda da privatização e da degradação do Serviço Nacional ou do "desprezo pela Cultura."
Ainda se referindo à Direita, afirmou: "Apoia-se no crescimento de uma extrema-direita fascizante, racista e xenófoba, intensamente promovida pelo poder económico e por amplos meios mediáticos e cuja ação se baseia na demagogia, mentira, na promoção do ódio contra imigrantes, pobres e trabalhadores e no descrédito de instituição democráticas para levar por diante uma agenda de retrocesso social."
Durante o seu discurso, António Filipe disse que "perante as candidaturas já anunciadas, muitos democratas lamentavam, com razão, a falta de uma candidatura que se identificasse sem reservas com os valores de Abril consagrados na Constituição".
"Uma candidatura capaz de unir os democratas que não se conformam com o facto de a Direita controlar todos os órgãos de soberania, uma candidatura capaz de unir os portugueses na luta por uma alternativa ao estado a que chegámos, que resgatasse a esperança e abrisse horizontes de futuro. Essa candidatura faltava, mas já não falta. Aqui estamos", afirmou António Filipe, recebendo um aplauso de pé da plateia, que conta com o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e dos seus antecessores Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas.
António Filipe defendeu que vai ser crucial o posicionamento do próximo Presidente "em face da Constituição e dos valores de Abril que ela consagra" e em face "da agenda do retrocesso social e democrático que está a ser promovida".
"Aqui estamos, aqui estou, para dizer que a defesa da democracia e da Constituição não admite desânimos nem desistências", frisou.
O também ex-vice-presidente da Assembleia da República de Portugal garantiu que a sua candidatura "é para levar até ao fim" e não depende de terceiros, e manifestou-se aberto a consensos, recusando estar limitado a "fronteiras partidárias".
"Esta candidatura é para levar até ao fim", afirmou António Filipe.
Questionado se admite retirar a sua candidatura caso António Sampaio da Nóvoa decida avançar com uma candidatura, António Filipe, apoiado pelo PCP, respondeu que a sua candidatura "é insubstituível" e a sua "importância" não pode ser assumida por "nenhuma [das candidaturas] existentes, muito menos das inexistentes".
Sobre se conta com o apoio de outros partidos além do PCP, António Filipe respondeu que a sua candidatura "não se dirige aos partidos políticos, mas aos portugueses em geral", que "não se conformam com o estado a que o país chegou e aspiram a que haja uma alternativa".
Antes, no seu discurso de apresentação, António Filipe considerou que, nas suas "mais de três décadas" como deputado à Assembleia da República, conseguiu mostrar que "é possível conciliar a defesa intransigente das posições políticas de cada um e o combate leal a posições políticas diferentes, com um sentido de equilíbrio e de abertura a consensos em que todos os democratas se possam rever".
"É esse o sentido da minha, da nossa candidatura. É a candidatura de um comunista, com a confiança e o apoio dos seus camaradas, mas rejeita que a queiram limitar às fronteiras de uma afirmação partidária", frisou.
António Filipe distancia-se de Marcelo
Em resposta aos jornalistas no final da sua sessão de apresentação de candidatura presidencial, António Filipe foi questionado se tenciona ser a antítese de Marcelo Rebelo de Sousa caso venha a ser o próximo Presidente da República".
"Eu não diria antítese, mas seria certamente muito diferente. Provavelmente, falaria muito menos de questões sem importância e procuraria falar mais de questões realmente importantes, em vez de ter uma atitude de certa forma taticista relativamente à situação política nacional", respondeu o candidato.
António Filipe disse que teria "uma posição de franqueza, de frontalidade" para que os portugueses "percebessem que não estariam perante um Presidente enleado em táticas políticas, mas em alguém que, para além de levar muito a sério o seu mandato, está realmente preocupado em servir o povo português e a democracia".
"E, no âmbito das suas competências, fazer tudo o que estiver ao seu alcance para cumprir e fazer cumprir a Constituição, que essa é que é que a incumbência fundamental do Presidente da República", frisou.
[Notícia atualizada às 20h08]
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