"Há posições fortes que podem ser tomadas. A União Europeia pode ter um papel de regulação das redes sociais e dos grandes gigantes de tecnologia norte-americanos", afirmou Mariana Mortágua, ao comentar à agência Lusa a imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos da União Europeia hoje anunciada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.
A líder do BE, que ao final da tarde participou em Viseu na 13.ª edição do evento Sementeira, considerou que a União Europeia tem poder para "travar os gigantes norte-americanos no espaço europeu".
"Isto faz mossa à economia norte-americana e pode ser feito. É preciso é querer fazer e ter essa visão", frisou.
A deputada única do BE lembrou que "há muito tempo que Trump vem ameaçando com esta política tarifária que vai afetar muito a indústria europeia e a indústria portuguesa".
"E aquilo a que temos assistido, em vez de uma posição firme por parte da União Europeia e até do Governo português, é uma tentativa de subserviência como forma de aplacar os instintos competitivos de Donald Trump", lamentou.
Mariana Mortágua criticou que a aposta seja "na economia militarizada como uma forma de fazer frente à política industrial de Donald Trump e à própria estagnação económica da União Europeia", o que não tem dado resultados.
"A União Europeia está a perder a corrida da inovação tecnológica, a corrida da transição climática, a corrida do seu próprio Estado social, e tem que compreender que não vai conseguir recuperar nem fazer frente à política expansionista de Donald Trump numa atitude de total subserviência à política militarizada e aos interesses dos Estados Unidos da América", sublinhou.
Donald Trump anunciou hoje a imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos da União Europeia e do México, a partir de 01 de agosto.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já disse que Bruxelas continua disposta a negociar com os EUA para chegar a um acordo antes dessa data.
Von der Leyen reiterou, em comunicado, que Bruxelas continua disposta a "trabalhar para chegar a um acordo até 01 de agosto", mas alertou que também "tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar" os seus interesses, "incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário".
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