Marcelo promulga diploma que extingue FCT, mas exprime "reservas"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu 'luz verde' ao diploma que permite a criação de organismos que, consequentemente, levam à extinção da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. No entanto, Marcelo deixa advertências e exprime "reservas".

Marcelo Rebelo de Sousa

© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Ana Teresa Banha com Lusa
26/08/2025 11:16 ‧ há 1 hora por Ana Teresa Banha com Lusa

País

Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou, esta terça-feira, o diploma que extingue, entre outras entidades, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

 

Na página da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa aponta que aprovou o diploma em causa, que gerou polémica há cerca de um mês - mas o Presidente deixou advertências.

Desta forma, Marcelo dá assim a 'luz verde' para a criação da Agência para a Gestão do Sistema Educativo, I. P., aprovando "a respetiva orgânica", e extinguindo o Instituto de Gestão Financeira da Educação, I. P., a Direção-Geral da Administração Escolar e a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.

Marcelo deixa alerta e "exprime reservas"

Na nota deixada no site, Marcelo alerta que espera que o processo de fusão previsto e a nova agência "correspondam não só a uma orientação assumida por Portugal perante a Comissão Europeia como, também, a uma mais coordenada e eficaz administração pública na Educação - devendo evitar-se a criação de orgânicas pesadas e de difícil operacionalidade."

No mesmo comunicado, o chefe de Estado dá ainda conta de que esta 'luz verde' é dada "exprimindo reservas quanto às atribuições concedidas às Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional ou às recebidas da Fundação para a Ciência e a Tecnologia".

A polémica com a "extinção" (e as reações que se seguiram)

O anúncio da extinção e várias entidades, entre as quais a FCT, foi feita no final de julho pelo Ministro da Educação, Fernando Alexandre, no âmbito no anúncio de uma reforma no Ministério da Educação, Ciência e Inovação.

A reforma do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) foi aprovada a 31 de julho pelo Conselho de Ministros e, em conferência de imprensa no final da reunião, Fernando Alexandre justificou a reestruturação descrevendo o seu ministério como uma "estrutura anacrónica", com organizações fragmentadas, sistemas de informação desintegrados e uma governação desarticulada.

Anunciada extinção de entidades no Ministério da Educação (incluindo FCT)

Anunciada extinção de entidades no Ministério da Educação (incluindo FCT)

Com 18 entidades e 27 dirigentes superiores entre os serviços do sistema educativo não superior e do ensino superior, ciência e inovação, o MECI passará a contar com apenas sete entidades e 27 dirigentes superiores, com a integração das entidades extintas em novas entidades.

Lusa | 15:42 - 31/07/2025

Com 18 entidades e 27 dirigentes superiores entre os serviços do sistema educativo não superior e do ensino superior, ciência e inovação, o MECI passará a contar com apenas sete entidades e 27 dirigentes superiores, com a integração das entidades extintas em novas entidades.

A propósito da extinção da FCT, o ministro assegurou na altura que o financiamento da ciência será preservado, com financiamento a quatro anos que garanta estabilidade, previsibilidade e "a proteção do financiamento da investigação mais básica fundamental".

Já na altura, a polémica instalou-se e Marcelo Rebelo de Sousa garantiu então que se tivesse "dúvidas sobre um ponto do diploma que achasse importante" iria pedir ao Governo para repensar, o que, dada a 'luz verde', não terá acontecido - apesar das advertências deixadas.

FCT?

FCT? "Há que pensar: Pura extinção pode só por si não ser boa ideia"

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que o Executivo pode "invocar" metas e objetivos vindas de Bruxelas como base para a decisão da extinção da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, anunciada na quinta-feira.

Ana Teresa Banha | 14:50 - 01/08/2025

Mas não foi apenas o Presidente a dar conta de que este "a pura extinção pode só por si não ser uma boa ideia", já que também partidos, como o PS, consideraram que a falta de diálogo era um problema. "É incompreensível que [o Governo] tenha avançado com uma reforma que visa a fusão da Fundação para a Ciência e Tecnologia sem um diálogo prévio com as instituições do ensino superior, com os investigadores", referiu então o secretário-geral do Partido Socialista, José Luís Carneiro.

Também o presidente da Organização dos Trabalhadores Científicos, Frederico Gama Carvalho, disse que a extinção FCT padece do "pecado original" que é a ausência de debate com a comunidade científica. Em declarações à Lusa, deu conta, na altura, de que a decisão do Executivo foi uma "iniciativa unilateral do Governo sem ouvir os representantes dos trabalhadores científicos".

Trabalhadores científicos criticam ausência de debate sobre fim da FCT

Trabalhadores científicos criticam ausência de debate sobre fim da FCT

O presidente da Organização dos Trabalhadores Científicos disse hoje que a extinção da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) padece do "pecado original" que é a ausência de debate com a comunidade científica.

Lusa | 20:50 - 01/08/2025

Outros, como a Federação nacional da Educação ou o Sindicato Nacional do Ensino Superior, também deixaram as suas críticas, que pode recordar aqui.

[Notícia atualizada às 11h39]

Leia Também: Anunciada extinção de entidades no Ministério da Educação (incluindo FCT)

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas