O antigo complexo industrial da Companhia Aurifícia está inserido num terreno com uma área de mais de 19 mil metros quadrados e este novo projeto pretende a criação de uma nova via que vai ligar a rua dos Bragas à rua de Álvares Cabral, dividindo a área em duas parcelas cujas obras de urbanização estão ainda a ser licenciadas em dois processos distintos.
Para já, a Câmara do Porto aprovou, a 21 de fevereiro deste ano, um Pedido de Informação Prévia (PIP) para "a criação de duas parcelas destinadas a comércio, serviços e habitação".
De acordo com uma memória descritiva datada de dezembro, anexada ao PIP e consultada pela Lusa, na primeira parcela vão ser reabilitados seis edifícios pré-existentes e que estão classificados como Conjunto de Interesse Público.
Projeto prevê a criação de prédios habitacionais com quase 300 lugares de estacionamento subterrâneos
Dos seis, há dois edifícios que vão ser destinados a habitação, outro a "serviços", um será adaptado a escritórios, e um edifício que correspondia à casa do proprietário da Companhia, dada a sua "espacialidade única", vai ser reconvertido num restaurante.
Um sexto edifício, também destinado a escritórios ou comércio, vai resultar da junção de dois edifícios existentes virados para a rua de Álvares Cabral e que até agora funcionavam como armazém e garagens. As fachadas vão ser mantidas, mas o interior vai ser todo reconstruído.
Já na segunda parcela, que é atravessada pelo manancial de Paranhos, vão ser construídos dois edifícios novos destinados a habitação.
De acordo com o aprovado em sede de PIP, este novo projeto prevê a criação de estacionamento apenas privado, nomeadamente 252 lugares, em "caves enterradas".
A nova rua que será criada vai fazer coexistir circulação viária, ciclável e pedonal, mas o trânsito automóvel vai ser condicionado, estando apenas prevista a passagem de veículos de forças de segurança e proteção civil.
Para além da criação desta nova via, 400 metros quadrados da área a ser cedida ao domínio público estão destinados a áreas verdes.
Projeto quer preservar "elementos históricos" dos edifícios
Numa memória descritiva, é escrito que um dos objetivos do projeto é "preservar elementos históricos existentes, como percursos (carris e pavimentos), vegetação e elementos da antiga fábrica, que adquiram agora um caráter quase escultório, de assinalar a memória do lugar".
Em relação ao processo de licenciamento, a Câmara do Porto esclareceu à Lusa que "o projeto de arquitetura (de ambas as parcelas) não foi aprovado e encontra-se a aguardar os pareceres de entidades externas e serviços municipais".
O projeto foi entregue ao gabinete de arquitetura portuense Ventura + Partners e o dono da obra é a Companhia Aurifícia - Sic Imobiliária Fechada, S.A., uma sociedade detida por Vasco Pacheco Couto, que até 2018 pertencia à administração da empresa Telhabel, e pelo investidor suíço Daniel Klein.
Em dezembro de 2012, o Governo classificou como Conjunto de Interesse Público a Companhia Aurifícia, referindo tratar-se de um "património excecional" e "o exemplo mais bem preservado e coerente de uma instalação industrial dos séculos XIX-XX na área metropolitana do Porto".
Em 2013, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos promoveu um concurso internacional de ideias para o quarteirão da Aurifícia, tendo ganho uma proposta para um hotel, uma residência para artistas, uma galeria para artistas e um parque público.
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