INEM? "Houve atrasos claros no atendimento e na prestação de socorro"

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou não haver "ligação direta" entre a morte de um utente e a greve do INEM, após serem divulgados os relatórios da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre as mortes que ocorreram durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar.

Ana Paula Martins

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Maria Gouveia
22/07/2025 20:04 ‧ há 6 horas por Maria Gouveia

País

INEM

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou, esta terça-feira, não haver "ligação direta" entre a morte de um utente e a greve do INEM, acrescentando ainda lamentar "profundamente o sucedido". Em causa está a divulgação dos relatórios da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) sobre as mortes que ocorreram durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar.

 

"Os relatórios hoje conhecidos ajudam a entender o que aconteceu com três pedidos de socorros durante os dias de greve. Em dois desses relatórios sobre um eventual atraso a IGAS afirma: 'Não houve nexo de causalidade entre o atraso do atendimento e morte dos utentes", começou por dizer numa declaração ao país.

E continuou: "Já no terceiro caso, de um utente de 86 anos, foi concluído que apesar de, e volto a citar, 'reduzida probabilidade de sobrevivência', devíamos ter conseguido chegar mais depressa. Essa é a nossa obrigação, tentar tudo para salvar vidas é a missão do INEM".

Ana Paula Martins referiu, citando novamente o relatório, que "a situação do utente estava agravada pela sua condição, que padecia de diversas comorbilidades e antecedentes de patologia cardiovascular significativa".

"Esta tarde, o ministério da Saúde solicitou ao inspetor-geral o relatório completo sobre este caso. É necessário dizer: o relatório não faz uma ligação direta entre esta morte e a greve. O relatório diz que o quadro clínico da vítima, e cito de novo, 'inviabiliza nestas circunstâncias o estabelecimento de um nexo de causalidade entre o atraso de atendimento e a morte ocorrida", disse.

E acrescentou: "Houve atrasos claros no atendimento e, por isso, na prestação de socorro. A dita falta de nexo de causalidade não me descansa, nem descansa o Governo. E tenho a certeza que não descansa os profissionais da emergência médica".

"Sabemos que o circuito de informação dos anúncios da greve não funcionou bem"

"Sobre o que se passou naqueles dias das greves, mesmo sem nexo de causalidade, sabemos que o circuito de informação dos anúncios da greve não funcionou bem. Por isso, já o mudámos e posso garantir-vos que esse mau funcionamento não se voltará a repetir. Na greve que foi entretanto realizada tudo correu com a normalidade", referiu. 

A ministra da Saúde salientou saber que "a emergência médica é um dever do Estado". "Todos os dias, o INEM recebe, em média, 4.434 chamadas e presta socorro a 4.100 pessoas. Destas, perto de 800 são doentes graves e de prioridade máxima".

"Tirar consequências políticas de situações semelhantes às passadas significa resolver os problemas e não atirar a toalha ao chão. A emergência médica, tal como o Serviço Nacional de Saúde (SNS) salva, todos os dias, milhares de pessoas. Quando tal não é possível, quando ocorre uma morte mesmo que inevitável, não só as lamentamos como aprendemos com isso. E é isso que estamos a fazer", sublinhou.

De recordar que, esta terça-feira, a inspeção-geral da saúde concluiu as investigações a seis das 12 mortes registadas durante greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar no outono de 2024 e em duas delas associou os óbitos ao atraso no socorro.

As greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM, em outubro e novembro do ano passado, provocaram atrasos nos atendimentos.

Inquéritos concluidos pela IGAS às 12 mortes durante a greve no INEM

Inquéritos concluidos pela IGAS às 12 mortes durante a greve no INEM

A inspeção-geral da saúde concluiu as investigações a seis das 12 mortes registadas durante greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar no outono de 2024 e em duas delas associou os óbitos ao atraso no socorro.

Lusa | 13:45 - 22/07/2025

Em 26 de junho, quando foi conhecido o primeiro relatório, que concluiu que a morte de um homem em novembro de 2024 poderia ter sido evitada se tivesse sido socorrido num tempo mínimo e razoável, a ministra da Saúde recusou demitir-se, rejeitando também nesta altura qualquer ligação entre a morte e a paralisação dos técnicos do INEM.

No início de novembro de 2024, as greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM às horas extraordinárias e da função pública resultaram em atrasos na resposta de socorro e colocaram em evidência a falta de recursos humanos no instituto.

[Notícia atualizada às 21h37]

Leia Também: Chega diz que "é tempo" de a ministra da Saúde "assumir responsabilidade"

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