"Ainda não temos motivos suficientes para exigir a sua demissão, apesar de esperarmos que [Sérgio Janeiro] tivesse feito mais. Achamos que já podia ter feito mais do que aquilo que fez até ao momento. Já culminou um ano desde que tomou posse e, do ponto de vista dos TEPH, esperávamos já ter sentido muito mais mudanças do que aquelas que aconteceram", afirmou Rui Lázaro.
O dirigente sindical falava aos jornalistas após reunir-se com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a vogal da direção do INEM, Alexandra Ferreira, e a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido, no Ministério da Saúde, em Lisboa.
Rui Lázaro lembrou que as medidas estruturais, entre as quais se incluí a redução dos tempos de triagem, seriam para estar implementadas no primeiro trimestre de 2025.
"A última calendarização que recebemos do presidente do INEM era de fevereiro e seria em março que ia começar a implementá-las. Há pelo menos meio ano, sem notícias desta implementação, e sem que o presidente do INEM apresentasse uma justificação", lamentou.
O presidente do STEPH, no entanto, salientou que Ana Paula Martins os informou que "ela própria vai pedir ao presidente do INEM" explicações.
"Nós dizemos que organizar o INEM depende de muito mais gente do que apenas só do Conselho Diretivo. Nós pretendemos ver as medidas implementadas para podermos responder melhor aos cidadãos. Seja com este presidente, seja com outro, o nosso foco são as medidas", sustentou.
Rui Lázaro acrescentou que, se o presidente do INEM faltar à palavra e "adotar direções contrárias" às do sindicato, poderá ser equacionado um pedido de demissão de Sérgio Janeiro.
"Neste momento, se o Governo confia no Conselho Diretivo do INEM e é o compromisso e a palavra do Governo connosco que nós pretendemos ver cumprido, pode continuar", sublinhou.
Na reunião de hoje que durou cerca de duas horas, o sindicalista voltou a realçar à ministra da Saúde a necessidade de prosseguir com as negociações, que transitaram do último mandato, "que o INEM demora a implementar".
"Reagendámos uma reunião de trabalho no Ministério das Finanças para a próxima semana, no dia 29 [de julho], e tivemos o compromisso da ministra da Saúde de reforçar, junto do Conselho Diretivo do INEM, para que avancem a respostas estruturais que o presidente do INEM já tinha calendarizado e já tinha comprometido connosco, mas que infelizmente ainda não tiraram do papel", vincou.
O dirigente sindical voltou a dizer não estar surpreendido com a conclusão da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que indicou que o utente que morreu em Bragança podia ter sobrevivido se o socorro fosse imediato, garantindo que os atrasos no INEM já aconteciam antes da greve e continuam a acontecer.
Nas conclusões a que a Lusa teve hoje acesso, a IGAS diz que o utente, de 86 anos e que morreu de enfarte de miocárdio a 31 de outubro de 2024, em Bragança, durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, tinha uma probabilidade de sobrevivência, embora reduzida. O INEM demorou 1:20 a chegar e, segundo a IGAS, o homem poderia ter sobrevivido se o socorro fosse imediato, não tendo, no entanto, culpado os trabalhadores.
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