"Até hoje, os professores sempre abordaram todas as questões intrínsecas ao ser humano e à sua vida em sociedade", sublinha a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) em comunicado, em resposta a declarações do ministro da Educação sobre as novas aprendizagens essenciais para Cidadania e Desenvolvimento.
O novo guião, divulgado na segunda-feira, dedica menos atenção a temas como a sexualidade ou bem-estar animal, tem mais literacia financeira e empreendedorismo, e, segundo Fernando Alexandre, matérias relacionadas com identidade de género ficam de fora por serem demasiado complexas.
"É uma matéria de grande complexidade e muitas vezes as pessoas não estão sequer preparadas para lecionar isso, sobretudo quando estamos a falar de alunos muito jovens", justificou o governante, sublinhando a necessidade de garantir que existem "professores preparados para lecionar".
Lamentando as declarações do ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI), a Fenprof refere que os professores receberam, ao longo dos anos, "muitas horas de formação" sobre alguns dos temas agora apagados do currículo.
"Os professores, ao contrário do que parece acontecer com o MECI, não estão presos a agendas ideológicas castradoras da liberdade de cada um", escreve a federação sindical, que acusa o Governo de ceder à direita conservadora.
"Outras intenções reveladas neste âmbito são, elas próprias, sintoma de amarras ideológicas ao neoliberalismo que procura invadir todos os espaços da sociedade, incluindo os do condicionamento da educação e do ensino", acrescenta, sem precisar que intenções, mas fazendo referência às afirmações feitas pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, em outubro, quando anunciou a intenção de rever o currículo da disciplina para a "libertar" de "amarras ideológicas".
Na segunda-feira, o Governo divulgou a nova Estratégia Nacional para a Educação para a Cidadania e as Aprendizagens Essenciais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, documentos que vão estar em consulta pública até 01 de agosto.
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