Têm sido várias as reações aos últimos acontecimentos que envolvem o INEM. Há quem volte a pedir da demissão da ministra da Saúde, quem refere que deve ser feita uma auditoria completa e há ainda quem defenda um trabalho conjunto para salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Por exemplo, no sábado, um homem de 49 anos, em estado grave, com um traumatismo craniano, terá esperado mais de cinco horas desde que foi tomada a decisão de transferência do Hospital da Covilhã para os Hospitais da Universidade de Coimbra. Transporte esse que foi feito por um helicóptero da Força Aérea.
No entanto, na segunda-feira, o ministro da Defesa, Nuno Melo, veio desmentir aquilo que classificou de "informação falsa" e assegurou que o processo demorou "2h15 com tempo de esperado do doente incluído".
Há ainda o caso de duas mulheres grávidas que perderam os bebés após várias urgências de ginecologia/obstetrícia encerradas.
Da Esquerda à Direita e até candidatos presidenciais: as reações às falhas do INEM e caos no SNS
As reações às várias situações que envolvem o INEM não tardaram. Por exemplo, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, numa conferência de imprensa, reiterou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem de demitir a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
"Tem de assumir responsabilidades sobre aquilo que se está a passar no SNS. Não basta fazer política contra os imigrantes e alterar a lei da nacionalidade como se todos os problemas do país se resumissem a um único tema", afirmou.
Mariana Mortágua referiu ainda que pediu uma audição parlamentar da ministra da Saúde por forma a serem obtidas explicações sobre as falhas do INEM dos últimos dias.
Já o presidente do Chega, André Ventura, afirmou que a ministra da Saúde já deveria ter pedido uma auditoria completa ao INEM e que esse seria o ponto de partida para retirar consequências.
"A ministra da Saúde, nestas circunstâncias, já devia ter dito ao país que vai fazer uma auditoria completa e que vai tirar consequências dessa auditoria. O que nós tivemos foi a ministra a dizer que, quando chegassem os relatórios da Inspeção Geral de Atividades em Saúde, retiraria consequências", disse.
André Ventura defende que Ana Paula Martins "tem de uma vez por todas, assumir a sua quota parte de responsabilidade, isto é, uma parte importante".
"O INEM precisa de uma auditoria para sabermos onde é que está a falhar e como é que não temos os meios que precisamos nos vários pontos do país", referiu.
O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo não quis comentar a polémica em torno do caso do paciente que terá demorado cinco horas a ser transportado do Hospital da Covilhã para os Hospitais Universitários de Coimbra. No entanto, defendeu o papel da Força Aérea na emergência médica.
"Conheço bem a Força Aérea, trabalhei com eles, faz o melhor que pode fazer com os instrumentos que o Estado lhe disponibiliza. Se a dúvida é se a Força Aérea deve ou não auxiliar, essa dúvida é tirada na própria Constituição", salientou, acrescentando que os "seus camaradas fazem verdadeiros milagres".
Já sobre uma possível crise no INEM, o candidato a Belém não quis falar do tema por considerar que ainda não é Presidente da República e, por isso, não deveria pronunciar-se.
Por sua vez, o também candidato presidencial António José Seguro defendeu "um acordo de regime entre todos os partidos, Governo e Presidente da República" com o objetivo de salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), notando que "é inaceitável haver tantas urgências fechadas".
Apelou ainda a que "todos os partidos políticos sejam capazes de colocar em cima da mesa as suas propostas e consigam criar mais viabilidade para o Serviço Nacional de Saúde".
"Para que os portugueses possam ter consultas a tempo e horas, para que os portugueses possam ter as suas operações a tempo e horas e para que não haja este número de urgências fechadas ao fim de semana", apontou.
Questionado sobre se a ministra Ana Paula Martins deveria tirar consequências políticas destes casos, Seguro escusou-se a responder.
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