Centenas no Porto exigem "fim do cerco" em Gaza. "Vergonha da Europa"

Várias centenas de pessoas juntaram-se hoje, no Porto, numa marcha e vigília pela Palestina, uma iniciativa convocada por movimentos nacionais e internacionais que exigem "o fim do genocídio e do cerco em Gaza".

Global Day of Action for Gaza in Porto

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Lusa
09/08/2025 21:36 ‧ há 2 horas por Lusa

País

Médio Oriente

Inês Pinto e Filipe Nuno fizeram cerca de 60 quilómetros, de Amarante ao Porto, com a filha Carolina, de dois anos, para participarem na marcha.

 

"Quando ela estudar isto na escola vai associar, vamos contar-lhe e mostrar-lhe registos, e ela saberá que os pais não se calaram", disse Inês Pinto à Lusa antes de iniciar uma caminhada que, da Ribeira do Porto até à Avenida dos Aliados, demorou cerca de 50 minutos.

Para Inês Pinto, que contou ter "vergonha da Europa" porque acreditava que "vivia na Europa de bem, da igualdade, da justiça, mas afinal é uma Europa de silêncio" é "inaceitável que o mundo continue a assistir a um genocídio em 4K".

"Como pais temos sensibilidade e uma revolta muito grande por saber que há tantas crianças a morrer à fome e o mundo não faz nada", completou antes de contar à Lusa que já mandou, por iniciativa própria, 'emails' para a União Europeia, Governo português, Provedores de Justiça de vários países, Ministério dos Negócios Estrangeiros, entre outras entidades.

Ao lado, com a Carolina ao colo que sussurrou à Lusa que tinha vindo com os pais à "festa da paz", Filipe Nuno acrescenta: "Os Governos centrais e de direita europeus são cobardes e estão a alimentar o genocídio de milhões. Esta fome alimenta negócios de milhões. Já nem falo do silêncio dos Estados Unidos."

A marcha e vigília que acontece hoje no Porto está integrada na iniciativa "Dia Global de Ação por Gaza" promovida por organizações como a Global Movement to Gaza e a Palestine Youth Movement.

Portugal é um dos 17 países em que estão convocadas várias ações, para denunciar a crise humanitária no enclave palestiniano.

Além do Porto, foram "convocadas" as cidades de Coimbra, onde a iniciativa incluía um miniconcerto acústico, exibição de vídeos sobre a realidade em Gaza e poesia livre, e Faro com uma marcha silenciosa e uma palestra sobre a história e contexto atual da Palestina.

No apelo divulgado pelos organizadores, movimentos internacionais e nacionais exigem "o fim do genocídio e do cerco em Gaza, o fim da cumplicidade dos estados europeus e Estados Unidos que financiam e apoiam politicamente o projeto colonial sionista, a imposição de sanções a Israel e o embargo de armas", bem como "a descolonização e libertação da Palestina, do rio ao mar".

Com bandeiras da Palestina, cartazes cujas palavras principais eram "Free Palestina" [Liberdade à Palestina em português livre] e muitos 'keffiyehs', o lenço típico palestiniano, o grupo que se concentrou às 19:00 junto à ponte D. Luís, misturando-se com turistas, famílias a passear e crianças a saltar para o rio Douro, iniciou a caminhada em direção à Câmara do Porto às 20:00 ao som do grito "Israel assassino, viva o povo palestino" e de panelas e tachos, uma "forma sonora de protesto e resistência" que serve para "chamar a atenção para a fome atroz que está a ser infligida por Israel ao povo palestiniano em Gaza", lia-se num dos folhetos distribuídos.

À frente da comitiva uma tarja com a frase "Comprar produtos de Israel financia o genocídio do povo palestino". Nas mãos bonecos ensanguentados e amortalhados que simbolizam "as milhares de crianças assassinadas por Israel".

Num percurso que quanto mais perto se aproximava do 'coração' da cidade Invicta se tornava mais em 'ziguezagues' devido às obras do metro, várias foram as paragens. Em frente ao Palácio da Bolsa, por exemplo, os manifestantes gritaram repetidamente: "Agora, agora que estamos juntos, agora que conseguimos ver, abaixo o sionismo que vai cair, vai cair, e viva a Palestina. Resistir! Resistir!".

"É evidente que neste momento o urgente é alimentar a população em Gaza, parar o genocídio e libertar as pessoas. Mas evidentemente que, numa prioridade máxima, é preciso quebrar o cerco a Gaza, o bloqueio deliberado feito de uma forma maquiavelicamente planeada e que está a exterminar o povo palestiniano", disse Isabel Oliveira, da organização.

Feliz por ver "muitas caras novas", Isabel lamentou, ainda assim, "a inércia muito grande da população portuguesa".

"Às vezes somos sempre os mesmos. As pessoas lamentam, mas não tomam ação. Acho que é muito importante perceber que o silêncio traz impunidade. E nós não podemos deixar este crime impune", referiu.

À Lusa, Isabel Oliveira vinca que "hoje o que se pretende é dar visibilidade à solidariedade internacional das populações para provocar os poderes políticos a tomarem uma decisão".

"É fundamental sancionar Israel e condenar Israel publicamente e objetivamente por todos os crimes e os governos europeus e dos Estados Unidos têm de se alinhar com os direitos humanos, com as decisões do Tribunal Penal Internacional e condenar o fim deste 'apartheid'. Não faz sentido no século XXI estarmos a assistir a este massacre e a esta matança", concluiu.

Este conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: "Se houver dois poderes regionais no Médio Oriente, um deve ser o Irão"

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