Extrema-direita francesa denuncia "operação de perseguição" do PE

O partido de extrema-direita francês União Nacional de Marine Le Pen denunciou hoje "uma nova operação de perseguição por parte da administração do Parlamento Europeu" após a abertura de uma investigação pela Procuradoria Europeia.

União Nacional, Jordan Bardella,

© Adnan Farzat/NurPhoto via Getty Images

Lusa
08/07/2025 20:42 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Parlamento Europeu

"Vejo isto como um sinal de uma nova operação de assédio por parte da administração do Parlamento Europeu", afirmou o presidente da União Nacional, Jordan Bardella, "braço direito" da líder histórica da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, durante uma conferência de imprensa em Estrasburgo, França.

 

Nas mesmas declarações, Bardella lamentou que a "luta judicial" faça "infelizmente parte da luta política".

A Procuradoria Europeia anunciou hoje a abertura de uma investigação sobre a antiga família política da União Nacional no Parlamento Europeu até 2024, suspeita de várias irregularidades financeiras.

Juntamente com os seus parceiros do Identidade e Democracia (ID) -- antigo grupo político de direita a extrema-direita do Parlamento Europeu, substituído pelo grupo Patriotas pela Europa precisamente há um ano -, o partido francês é suspeito de ter "gastado indevidamente" mais de 4,3 milhões de euros entre 2019 e 2024, de acordo com um relatório da direção de assuntos financeiros da instituição de Bruxelas, revelado por vários 'media' no início de julho.

Embora a formação francesa não tenha exercido durante esse período nem a presidência nem o secretariado-geral dessa coligação (na época dominada pela Liga do Norte italiana), a maior parte desse montante beneficiou duas empresas ligadas a pessoas próximas de Marine Le Pen: o seu antigo conselheiro Frédéric Chatillon e a sua mulher Sighild Blanc, que obtiveram contratos lucrativos sem passarem por concurso.

De acordo com o documento, a agência de comunicação e-Politic, alegadamente responsável pela campanha eleitoral da candidatura de Le Pen às presidenciais de 2017, recebeu 1,7 milhões de euros após um concurso "puramente formal" e marcado por "graves problemas de conformidade".

Os autores do relatório acreditam que "todas estas despesas (...) são irregulares", assim como as da empresa Unanime, que embolsou mais de 1,4 milhões de euros em trabalhos de impressão, que foram, alegadamente, subcontratados a um custo mais baixo, permitindo um lucro estimado em 260.000 euros.

Jordan Bardella, que preside os Patriotas no Parlamento Europeu, criticou duramente a administração do Parlamento, acusando-a de ter divulgado "trocas confidenciais" à imprensa.

Os antigos administradores do grupo "contestam a totalidade das acusações feitas pela administração europeia", acrescentou o eurodeputado francês, distanciando-se do ID.

"Sou o presidente dos Patriotas, não fui presidente da Identidade e Democracia e não há qualquer ligação jurídica entre as nossas duas entidades", referiu.

Marine Le Pen, por seu lado, ainda não reagiu à abertura desta investigação, tendo na semana passada afirmado não ter conhecimento do novo processo contra a sua família política.

"Não sei o que se passa, não vi o processo", declarou na rádio francesa RTL.

Marine Le Pen já tinha sido condenada em França num caso separado conhecido como o "caso dos assessores parlamentares europeus".

No final de março, Le Pen foi considerada culpada de desvio de fundos europeus que serviram, de acordo com o tribunal, para financiar os assessores do seu partido entre 2004 e 2016.

A condenação - a quatro anos de prisão, dois efetivos e dois com pulseira eletrónica, uma multa de 100 mil euros e a proibição de participar em eleições durante cinco anos - poderá ter acabado com as ambições de Le Pen de avançar para as presidenciais francesas de 2027.

Falta, no entanto, conhecer a decisão do tribunal de recurso, marcada para o verão de 2026.

A líder de extrema-direita anunciou hoje que recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) para contestar a pena de inelegibilidade imediata.

Le Pen apresentou "um pedido a solicitar ao Tribunal que considere uma violação dos direitos garantidos pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos", nomeadamente o da "presunção de inocência" ou do "duplo grau de jurisdição", afirmou num comunicado.

Leia Também: Justiça europeia abre nova investigação à extrema-direita francesa

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