A greve na maior companhia aérea do Canadá está a afetar cerca de 130.000 passageiros por dia, no auge da época alta das viagens de verão, e as duas partes continuam muito distantes em relação a aumentos salariais e outras questões laborais.
A Air Canada tinha suspendido os planos de retomar as operações no domingo, depois de o sindicato ter desafiado uma ordem anterior de regresso ao trabalho. A transportadora afirmou que os voos seriam retomados na hoje à noite, mas o presidente do sindicato garantiu que isso não iria acontecer.
"Se a Air Canada pensa que os aviões vão levantar voo esta tarde, está redondamente enganada. Isso não vai acontecer hoje", declarou Mark Hancock, presidente do Sindicato Canadian Union of Public Employees (CUPE, na sigla em inglês), que representa os comissários de bordo da Air Canada.
"Não vamos regressar aos céus", acrescentou.
O sindicato afirmou que vai desafiar uma segunda ordem de regresso ao trabalho emitida pelo Conselho de Relações Laborais do Canadá (CIRB, na sigla em inglês), que declarou hoje a greve ilegal e ordenou o regresso imediato dos comissários de bordo ao serviço. Já tinham igualmente ignorado uma ordem anterior para regressar ao trabalho e submeter-se a arbitragem.
O CIRB, um tribunal administrativo independente que interpreta e aplica as leis laborais do Canadá, determinou que o sindicato deveria notificar por escrito todos os seus membros até ao meio-dia de hoje, informando-os de que tinham de retomar funções.
"Se isto significar que pessoas como eu têm de ir para a prisão, que assim seja. Se significar que o nosso sindicato é multado, que assim seja", disse Hancock. "Queremos uma solução. Os nossos membros querem uma solução, mas essa solução tem de ser encontrada na mesa das negociações", reforçou.
"Estamos numa situação em que centenas de milhares de canadianos e visitantes ao nosso país estão a ser afetados por esta ação", disse o primeiro-ministro Mark Carney. "Apelo a ambas as partes para que resolvam isto o mais rapidamente possível", referiu.
Mark Carney acrescentou que o seu ministro do Trabalho iria pronunciar-se mais tarde e considerou "dececionante" que as negociações ainda não tenham conduzido a um acordo, sublinhando que é importante que os tripulantes de bordo sejam sempre compensados de forma justa.
No sábado, os 10.000 tripulantes de cabine da Air Canada entraram em greve devido ao impasse nas negociações para a assinatura de um novo contrato coletivo, após oito meses de reuniões com a empresa.
Os trabalhadores denunciam que, nos últimos 25 anos, o salário base dos tripulantes de bordo apenas aumentou 10%, enquanto a inflação, no mesmo período, cresceu bem acima.
Além disso, queixam-se de não serem remunerados por grande parte do trabalho que realizam em terra, como as tarefas de embarque e desembarque de passageiros.
A companhia ofereceu aumentos salariais entre 12% e 16% no primeiro ano, bem como alterações no pagamento das horas de trabalho em terra.
Leia Também: Autoridades canadianas declaram ilegal greve na Air Canada