Este interesse reflete a atratividade do mercado português, num contexto de crescimento sustentado do turismo, impulsionado, em grande parte, pelo aumento do número de visitantes norte-americanos, com elevado poder de compra.
Apesar da incerteza macroeconómica global, nomeadamente os riscos ligados à inflação e às políticas económicas recentes nos Estados Unidos, o mercado hoteleiro português mantém-se resiliente, garantiram à Lusa especialistas da Cushman & Wakefield (C&W), JLL, a CBRE e a Savills.
"Temos vindo a assistir a uma atividade consistente e diversificada por parte dos vários perfis de investidores no setor", afirmou o responsável pela área de Capital Markets da Savills, Pedro Simões, sublinhando que, apesar de os fundos internacionais continuarem a liderar em volume, "destaca-se uma crescente participação de 'family offices' [grupos familiares] com operações já consolidadas no mercado, que demonstram um apetite claro por estratégias de expansão a longo prazo, focadas em ativos em localizações 'prime' e com elevado potencial de valorização".
A mesma consultora tem ainda observado "um ligeiro aumento do interesse por parte de investidores individuais de elevado património (HNWI), oriundos da América do Norte e do Sul", com particular enfoque em hotéis em centros urbanos, "atraídos pela resiliência deste setor e a estabilidade política e económica relativa da Europa, oferecendo um refúgio seguro para a diversificação do seu capital".
Segundo o responsável do departamento de hotelaria da Cushman & Wakefield Portugal, Gonçalo Garcia, os "fundos internacionais, com presença em Portugal, os grupos hoteleiros nacionais e os 'family offices', sobretudo espanhóis", continuam a ser os mais ativos na aquisição de ativos hoteleiros em Portugal.
A tendência para a profissionalização e diversificação do setor é igualmente destacada pela JLL.
"O mercado português é, cada vez mais, um mercado internacional, maduro e com crescente interesse por parte de grandes 'players' internacionais. Acresce também a entrada de capital por parte de investidores privados, nomeadamente 'family offices' de origem espanhola", afirmou Augusto Lobo, Head of Capital Markets da consultora.
Por sua vez, a CBRE destaca o crescimento de "owner-operators" - operadores hoteleiros que detêm os próprios imóveis - como nova face do investimento. "Estes tipos de investidores têm demonstrado apetite e estão bem capitalizados, e, portanto, com meios para investir", referiu José Maria Coutinho, Head of Research da CBRE Portugal.
A atratividade de Portugal para este tipo de investidores também se explica pela evolução do turismo, em especial do mercado norte-americano. Os turistas dos Estados Unidos são atualmente dos que mais crescem em Portugal em número e despesa média, segundo dados oficiais.
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