A Skypro e a HygiCo começaram a trabalhar juntas há cerca de um ano e desenvolveram o Reuse, um processo de reutilização de vestuário especializado que, de acordo com as empresas, pode poupar até 90% da pegada carbónica do têxtil.
A Skypro é especializada em uniformes e calçado, tendo nascido na aviação ao fornecer a TAP. Porém, diversificou a sua oferta e hoje tem contratos, por exemplo, com a polícia Sueca. Já a HygiCo desenvolve a sua atividade na higienização de vestuário de trabalho.
As instalações da HygiCo, em Palmela, no distrito de Setúbal, assemelham-se a uma laboratório esterilizado onde predominam os tons de branco e o aço inoxidável. Há linhas de sentido único, semelhantes às da indústria alimentar, pelas quais passam os artigos têxteis e onde são descontaminados num processo descrito como único pelo presidente executivo (CEO) da empresa, Carlos Oliveira.
Nestas linhas encontram-se câmaras de descontaminação que, além de descontaminarem as fardas, fazem o mesmo ao ar, para que as peças não sejam contaminadas pelo ambiente.
Fabricar um 'blazer' de um piloto de aviação produz cerca de 24 quilogramas (kg) de dióxido de carbono (CO2) e, em contrapartida, o processo de reutilização produz apenas 1,5kg de CO2, explica à Lusa o presidente executivo (CEO) da Skypro, empresa que comercializa fardamento técnico.
Em 5.000 'blazers' é possível reutilizar 1.750, "o que significa em termos de pegada carbónica mil árvores", ilustrou Jorge Pinto.
O CEO da Skypro, que faturou cerca de nove milhões de euros em 2024 e emprega 34 pessoas, disse também que o processo de reutilização é "muito mais barato do que fazer novamente um 'blazer', e as poupanças podem ser cerca de 60%".
Na lista de clientes da Skypro estão também as companhias aéreas Qatar Airways, Etihad e Emirates, tendo inclusive a empresa um escritório no Dubai.
Jorge Pinto diz que a sua empresa é a "'Nike' da indústria da aviação", numa alusão à marca desportiva, uma vez que ambas comercializam vestuário e calçado. Contudo, admite diversificar os clientes para não depender apenas deste setor.
A HygiCo, com sede em Palmela e com um polo em construção no Grande Porto, além de uma unidade em Leiria, assiste vários setores, entre eles o farmacêutico, o biomédico, o alimentar e a aviação, como explica à Lusa o presidente executivo.
Carlos Oliveira afirma que a empresa faz uma "higienização especializada" para estes setores que, "de acordo com as normas mais exigentes em termos internacionais e regulamentos, necessitam de determinadas necessidades específicas de higienização e, portanto, de controlo microbiológico das peças".
Sendo a indústria têxtil uma das mais poluentes, o gestor propôs-se então a dar o "contributo para os objetivos ambientais": "Em vez de estarmos a comprar peças novas, que seriam deitadas para o lixo, com todas as implicações que isso tem [...] conseguimos através desta recuperação e desta reutilização ter um enorme contributo para os objetivos ambientais".
Além da higienização, a HygiCo - ainda uma 'startup' -, faz também um trabalho de recuperação dos têxteis, desde lavagem, costura e arranjo de acabamentos, bem como "toda a logística de recolha e distribuição e de entrega da roupa", conclui Carlos Oliveira.
[Notícia atualizada às 10h27]
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