"Apesar de compreender a fundamentação das autoridades policiais e da autarquia --- baseada em avaliações de risco e na necessidade de prevenir potenciais incidentes --- a AHRESP acredita que é possível e desejável trabalhar em conjunto para encontrar soluções alternativas que conciliem segurança pública com a viabilidade económica das empresas", defendeu a associação, numa nota enviada à Lusa.
A AHRESP lembrou os impactos económicos das restrições que foram alargadas a mais estabelecimentos, em diferentes zonas da cidade e com um horário mais extenso.
"A acumulação de limitações, atingindo o fim de semana, representa uma importante perda de receita, especialmente num período habitualmente marcado por forte procura", frisou.
A Câmara de Lisboa determinou o encerramento entre as 13:00 de sábado e as 07:00 de domingo de perto de 20 estabelecimentos comerciais na zona envolvente do estádio José Alvalade devido aos eventuais festejos de campeão de futebol.
Em despacho municipal, e à semelhança do que já aconteceu para os perto de 60 estabelecimentos comerciais na zona do Marquês de Pombal em que foi determinado o encerramento às 17:00, foi também determinada a restrição do horário de funcionamento de estabelecimentos no perímetro do Estádio de Alvalade.
De acordo com a nota, o despacho surge após solicitação do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, recebido na quinta-feira, por correio eletrónico, relativo ao jogo entre Sporting/Vitória SC e eventuais festejos de campeão para a restrição do horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais.
A AHRESP sublinhou ainda que esteve em contacto com a Câmara de Lisboa, apontando "a insustentabilidade de se penalizarem continuamente os mesmos negócios sempre que há celebrações em espaço público" e disse contar "com intervenção das autoridades competentes no sentido de impedirem a venda ambulante de comidas e bebidas nas zonas restritas".
Contra as restrições do horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais junto ao Estádio José Alvalade, entre as 13:00 de sábado e as 07:00 de domingo, Bruno Coelho, dono do Cantinho do Sá, um restaurante icónico dos adeptos do Sporting, disse à Lusa que foi notificado hoje, pelas 13:30, quanto à obrigatoriedade de encerrar às 13:00 no sábado, apesar de ter já "mais de 300 pessoas reservadas" para comer.
Na manhã desta sexta-feira, sem saber ainda da decisão da Câmara de Lisboa, Bruno Coelho foi fazer compras para responder ao previsível aumento da procura devido ao jogo Sporting-Vitória de Guimarães, marcado para 18:00 de sábado, no Estádio José Alvalade, recebeu a carne para confecionar, encomendou 600 pães e 46 barris de cerveja, estimando agora um prejuízo de "cerca de 10 mil euros" com o encerramento antecipado do restaurante no sábado.
"Obviamente que discordo desta medida", afirmou o dono do Cantinho do Sá, referindo que "nunca aconteceram" restrições quando o Benfica e o Porto foram campeões em casa.
"Onde é que os adeptos do Sporting vão comer aqui à volta do estádio? Isto vai enfraquecer completamente a festa. Acho que o Sporting também devia dizer alguma coisa. Isto vai tornar um dia que devia ser alegre e de mobilização geral num ambiente de tensão. Até vai ser pior para a polícia", declarou.
Perante o resultado do dérbi lisboeta no passado fim de semana, os jogos decisivos da última jornada da I Liga estão marcados para sábado, às 18:00, nomeadamente o Sporting-Vitória de Guimarães e o Sporting de Braga-Benfica, que decidirão o título de campeão.
Habitualmente, para celebrar a conquista do campeonato, os adeptos do Benfica e do Sporting concentram-se na rotunda do Marquês de Pombal e nos arredores.
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