Fernando Manuel da Silva Couto é um nome incontornável no panorama do futebol português, embora grande parte da sua carreira de futebolista até tenha sido desenvolvida no estrangeiro. De resto, já assumiu outras funções fora das quatro linhas.
Nascido em Espinho, em 1969, o antigo internacional português até começou por dar os primeiros passos na escola do Sporting local, mas seria em 1986/86, na formação do Lusitânia de Lourosa, que se destacou o suficiente para chamar à atenção do FC Porto.
Após uma temporada nos juniores, Fernando Couto fez a sua estreia pela equipa principal dos dragões, na temporada 1987/88, pela mão do croata Tomislav Ivic, frente à Académica (0-1), na penúltima jornada, juntando-se, assim, ao leque de campeões nacionais. Por essa altura, já sabia também o que era representar as camadas jovens da seleção de Portugal, com destaque para a conquista do Mundial de sub-20, em 1989.
Nas épocas seguintes à (tão desejada) estreia pelo FC Porto, o defesa-central foi emprestado ao Famalicão e à Académica (na II Liga), até que 'pegou de estaca' no regresso ao Dragão, em 1990/91, impondo-se como titular na equipa liderada por Artur Jorge. Foram, no fundo, quatro anos de sucesso, com golos em todas as épocas, sempre acima dos 34 jogos (até um máximo de 43, em 1991/92). Tudo coincidiu com a estreia pela seleção nacional, na vitória num jogo particular diante dos Estados Unidos da América (1-0), em dezembro de 1990.
Fernando Couto foi um dos destaques do FC Porto entre 1990 e 1994.© Getty Images
Consagrando-se como um dos jogadores mais aguerridos do plantel, com grande impulsão aérea, Fernando Couto deu nas vistas também pelo seu cabelo longo e encaracolado, mas a sua passagem pela cidade Invicta ficou marcada pelo polémico momento em que se desentendeu com Mozer, num Clássico frente ao Benfica (derrota por 2-0, em 1993/94), acabando por ser expulso. Como castigo, não só ficou a treinar sozinho após o encontro, como ainda foi multado por Pinto da Costa, na altura presidente dos azuis e brancos.
O fim da aventura no FC Porto - onde esteve com grandes nomes como Vítor Baía, Domingos Paciência, Jorge Costa ou Rui Jorge - encerrou também o seu ciclo no futebol português, com três campeonatos (1987/88, 1991/92 e 1992/93), duas Taças de Portugal (1990/91 e 1993/94) e duas Supertaças Cândido de Oliveira (1991 e 1993), para além do registo de 12 golos em 156 partidas, algumas das quais já na Liga dos Campeões. As internacionalizações, essas, foram aumentando, sobretudo em fases de qualificação para o Europeu de 1992 e o Mundial de 1994.
Antigo defesa foi o primeiro jogador de Portugal de sempre a chegar às 100 internacionalizações.© Getty Images
Iniciou-se, a partir daí, um longo percurso no estrangeiro, mais concretamente em Itália e em Espanha. O ex-defesa esteve no Parma durante duas épocas e acabou por figurar como um dos melhores jogadores estrangeiros da Serie A, embora tenha dado mais nas vistas no primeiro ano - com sete golos em 44 jogos em 1994/95, com a conquista da designada Taça UEFA - por comparação ao segundo ano, que nem assim impediu a sua estreia por Portugal num Europeu, em 1996, com uma eliminação nos 'quartos', aos pés da Chéquia (0-1).
Aliás, nesse verão, Fernando Couto transferiu-se para o Barcelona, cruzando-se com Luís Figo e Vítor Baía, para além de José Mourinho (na altura como adjunto de Bobby Robson). Aí, em apenas duas épocas, conquistou uma Taça das Taças (1996/97), uma Supertaça Europeia (1997), para além de um campeonato de Espanha (1997/98), duas Taças do Rei (1996/97 e 1997/98) e uma Supertaça espanhola (1996).
Sérgio Conceição foi um dos colegas de Fernando Couto na Lazio, nas épocas 1998/99, 1999/2000 e 2003/04.© Getty Images
Em 1998/99, o antigo internacional português regressou a Itália, pela porta da Lazio. Por lá ficou durante sete temporadas ininterruptas, começando logo por arrecadar outra Taça das Taças (1998/98) e outra Supertaça Europeia (1999), para além da sua primeira e única Serie A (1999/2000), de duas Taças de Itália (1999/2000 e 2003/04) e ainda duas Supertaças italianas (1998/99 e 2000/01). Neste longo período, partilhou balneário com o 'ferrenho' Sérgio Conceição e despediu-se do clube de Roma em 2005, com um incrível registo de 217 jogos, com 11 golos apontados.
Já ao serviço de Portugal, ainda esteve no Mundial de 2002 e em dois Europeus (2000 e 2004), tendo feito o último jogo pela equipa das quinas nas 'meias' frente aos Países Baixos (2-1). Aliás, o 'adeus' à seleção nacional prendeu-se ao estatuto de jogador mais internacional de sempre (110, com nove golos), na altura, até que viria a ser batido por outros jogadores como Luís Figo e Cristiano Ronaldo.
Fernando Couto despediu-se da seleção com a medalha de prata, após a final do Campeonato da Europa de 2024, realizado em 2024, perdida para a Grécia (0-1).© Getty Images
A carreira nos clubes, essa, seria terminada ainda em Itália, quase aos 40 anos, com três temporadas entre 2005 e 2008 no Parma, embora sem qualquer título nesse regresso, num clube onde totalizou oito golos em 127 jogos, na soma das duas passagens. No entanto, o percurso de futebol não ficaria por aí, uma vez que viria abraçar outras funções fora das quatro linhas.
Primeiro, começou por ser diretor de futebol do Sporting de Braga em 2010, até que deixou o cargo para se aventurar como treinador nos indianos do Howrah (2011/12), seguindo-se um regresso ao clube do Minho, pela mão de António Salvador, como adjunto dos bracarenses, nas épocas 2012/13 e 2013/14, ao lado de treinadores como José Peseiro, Jesualdo Ferreira e Jorge Paixão.
Sem grande impacto nessas áreas, Fernando Couto viria a tornar-se embaixador da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e, atualmente, é um empresário de sucesso, na agência 'P&P Sport Manegement', liderada por Federico Pastorello, estando ao lado de jogadores como João Mário, Roger Fernandes, Jota Silva ou Mehdi Taremi
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