François Provost é o novo diretor-executivo do Grupo Renault e, depois de cinco anos de trabalho árduo e de sucesso por Luca de Meo, não irá mudar radicalmente o rumo da empresa.
Segundo a publicação Autocar, o novo líder do construtor disse numa conferência de imprensa que a estratégia não irá sofrer grandes alterações. Entende, também, que o negócio é ágil, "construído em duas pernas". No entanto, quer uma execução mais rápida dos planos e um corte no tempo de desenvolvimento de novos modelos tendo como referência os 21 meses do futuro Twingo.
O valor continuará a ter prioridade face ao volume, pretendendo conceber cada modelo de forma a que "todos os carros contribuam para o resultado".
Em termos financeiros, François Provost quer que a Renault tenha "das melhores prestações financeiras da indústria", obtendo lucros altos de forma sustentável.
De recordar que na primeira metade do ano o grupo anunciou prejuízos superiores a 11 mil milhões de euros - justificados pela mudança do tratamento contabilístico dado à participação na Nissan. No entanto, também houve um decréscimo das vendas e uma margem operacional menor.
Por outro lado, o novo CEO da Renault não esquece os fornecedores e os concessionários, considerando estes últimos como "chave por motivos sustentáveis" e "parceiros de longo termo".
Um mandato pleno de desafios
O Grupo Renault pode ter tido sucesso sob a liderança de Luca de Meo, mas há desafios consideráveis pela frente - num contexto diferente de toda a indústria automóvel.
Assim, François Provost chega ao cargo de diretor-executivo com a certeza de enfrentar concorrência mais forte, em particular vinda dos fabricantes chineses. Ao não ter uma presença preponderante nos Estados Unidos da América, a Renault fica mais protegida dos efeitos diretos das tarifas aduaneiras do que outros fabricantes. No entanto, a competição que procura diversificar os seus mercados pode ser um problema.
Há, também, uma grande dependência da Europa - onde o setor automóvel está em quebra. Nesse sentido, há planos para lançar oito novos modelos Renault para fora da Europa até 2027.
O ritmo das novidades tem sido intenso, com dez novos lançamentos no ano passado a marcarem uma extensa renovação da gama - que continua, havendo sete previstos para este ano e oito para 2026, segundo a Reuters.
A parceria com a Nissan é outro dos grandes desafios do Grupo Renault. A participação da Renault no construtor japonês tem vindo a diminuir e é agora de 35,7 por cento. O processo é para continuar, mas os problemas financeiros da Nissan dificultam a venda de ações.
Crescimento no mercado europeu
Segundo os dados de junho da ACEA - Associação de Construtores Automóveis Europeus, o Grupo Renault é o terceiro maior da Europa. No conjunto União Europeia/EFTA/Reino Unido, cresceu 5,4 por cento nos primeiros seis meses deste ano em termos homólogos, ao vender 708.106 unidades.
O conglomerado inclui as marcas Renault, Dacia e Alpine, sendo que todas elas cresceram na primeira metade de 2025. Isto contraria a tendência do mercado, que quebrou 0,9 por cento no mesmo período.
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